sábado, 30 de abril de 2011

Bristol


Quando irrompem as chuvas nas tardes de verão de Pindamonhangaba, a cidade torna-se ainda mais triste e pacata, mesmo com surgimento de guarda-chuvas e o aumento do fluxo de veículos com suas buzinas desreguladas despertam Pindamonhangaba de sua melancolia.
Pindamonhangaba adormece em cada esquina, em cada cruzamento, ruas, avenidas, alamedas, é como se a enxurrada da chuva levasse consigo todo rastro de progresso, todo o lixo reciclável e não reciclável.  Líquidos inflamáveis, toda periculosidade, toda maldade das pessoas, todos os pensamentos ruins e negativismo, todas as frustrações, decepções, depressões, angustias e politicagem. Tudo escorre pelo asfalto até encontrar bueiro e findar-se no Rio Paraíba do Sul.
Bristol é uma banda de Britpop de Pindamonhangaba e ser uma banda de Britpop em Pindamonhangaba é caminhar do lado oposto da enxurrada, é enfrentar a chuva sem guarda-chuva, é cantar pra meia dúzia de pessoas exigentes como se Bristol(cidade do sudoeste da Inglaterra) fosse aqui. Mas fácil seria se o Rubens e companhia fizesse uma banda de três acorde e, antes da próxima musica gritasse no microfone:
_Um, dois, três, quatro... E no término de cada musica acrescentasse: _Foda-se.
Certamente o publico seria maior e, haveria aquele famoso: U ´uuuo.
Já ouvi alguns comentários pós-show e até li algumas coisas sobre Bristol e, sempre os mesmos comentários:
_Nossa lembra Muse, Blur, Suede... Talvez lembre mesmo... Mas eu particularmente quando ouço Bristol e vou mais fundo: “Cast” o primórdio do Britpop.

É inevitável no começo de qualquer banda comparar com outra banda famosa o Radiohead já foi o Nirvana da Inglaterra, o Oásis o novo The Beatles e, a vida segue... Boa sorte!!!

Lover spy, Fields e It won´t be tomorrow excelentes…            

Cast:

  

quinta-feira, 28 de abril de 2011

TV on the radio – Nine types of light


Ela não virá, ele pressente, mas ainda espera. Ele olha repetidas vezes no relógio, não consegue disfarçar a ansiedade e o desconforto.  O celular nunca toca nessas horas, é visível sua tristeza, no entanto, ele tenta disfarçar falando mais do que habitual, rindo mais do que deveria e bebendo apressadamente.
Ela não virá agora é uma certeza para todos, porém ele ainda insiste em olhar pra mesma direção, verificar o relógio. Ele parece não acreditar, pensa em ligar pra ela, não completa a ligação pela quinta vez. Já não ri mais como meia hora atrás, retraído quase que não fala, e pela segunda vez derrubou a bebida na mesa.
Ela não virá passa a ser uma certeza pra ele também que, quase cai ao levantar-se da cadeira, sente inseguro em caminhar, enxerga duas luas apoiado no tronco de jabuticabeira.
Diz estar bem pra todos que se aproxima, diz estar bem também quando não tem ninguém ao seu redor. Abraça forte a jabuticabeira e começa a questionar:
Por que você não veio?
Por quê?
Chora um choro sem lagrimas ainda assim um choro verdadeiro. Tira o celular do seu bolso, nenhuma ligação. Joga o celular para bem longe. Ri ainda abraçado na jabuticabeira um riso sem graça e sem motivo. Recupera-se. Ainda há duas luas no céu e um imenso caminho até chegar o banheiro.
Ele está lá não sabe como, o lavatório verde não combina com vaso branco, porém a vontade de urinar é tanta que o jato rápido e incerto molha as paredes e o chão. A descarga de cordinha é um descanso para o seu braço. Cem litros de água para 400 ml de urina. Ele não lava as mãos, o sapo não lava o pé.
Fim de festas, mesas vazias até ai tudo bem. Mas, a mesa que ele estava tá vazia, isso foi um tiro em seu coração.
Duas luas, uma lua meia, uma lua. Isto agora não importa. Ele chutou as cadeiras e jogou a mesa para bem longe. Foda-se a todos gritou.
Voltou pra casa, ligou seu aparelho de som. Um micro system que ganhou daquela piranha que não compareceu na festa. Apertou o play.
Second song passou despercebida... Keep your heart acompanhou seus movimentos até geladeira, uma geladeira que mais parecia um deposito de cerveja... You... Yyooouuu, assim foi feita a escolha.
Piranha, piranha, piranha... Repetiu exaustivamente essa palavra que só “Will do” trouxe de volta a realidade. Abriu a janela apenas uma lua, tudo começou a fazer sentido de novamente.
Forgotten... Outro jato de urina agora certeiro no vaso branco que combina com lavatório. Decidiu tomar um café pra curar da ressaca que começava a incomodar... Apertou o display também pra certificar o que estava ouvindo... TV on the radio – Nine types of light.
Ah! Só podia!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Glasvegas : Euphoric Heartbreak



... Devo lembrar que o som que rolava no meu carro (um Golf mexicano endividado e com problema no motor de arranque) era recém-lançado do Glasvegas intitulado “Euphoric Heartbreak” uns dos lançamentos mais esperado por mim. Não era a primeira audição talvez a terceira ou a quarta, porém, era primeira vez que eu ouvia sozinho.
Pensei em escrever uma resenha, mas resenha requer muitos termos técnicos, descrições de sons e efeitos, do produtor, do estúdio... Musica pra mim é que consegue provocar reações boas ou ruins.
Pain pain, never again só deixei rolar porque é musica de abertura e só funciona assim sendo a primeira ou quem sabe a ultima, uma musica dessa no meio do repertorio é suicídio...
Estacionei o carro enfrente a uma lanchonete, logo percebi que era lanchonete de bacana, bem diferente dos barzinhos e mercearias que freqüento. Logo na entrada cruzei com dois garotos talvez, dezesseis, dezoito anos com camisetas estampadas do MGMT, talvez até faça parte da Comunidade RCD(Orkut). Do lado de dentro apinhado de gente uma mulher gordinha que lembrava muito a Tulipa Ruiz fazia versão acústica “Zombie” do The Cranberries.
Voltei pro carro com duas latinhas de cerveja e, com toda certeza a cerveja mais cara que paguei na minha vida R$ 4,00 cada. No bar do Zé que fica pertinho de casa, quando tem musica ao vivo é um pagodão infernal que rola, pelo menos a cerveja é metade do preço.
Putz... Esqueci de apertar o pause... Mas que porra que essa U2... Não “Shine Like Stairs” lembra muito U2 do tempo de “BOY”. Será que um dia Glasvegas se tornará uma banda de arena?
Stronger than dirt começou juntamente com a chuva. Uma chuva sem relâmpago e sem trovão, porém parecia interminável. Uma jovem bonita e de saltos passou apressada quase que correndo da chuva em direção da lanchonete. Lembrei-me de Ornella. Não sei por que eu acho que as pessoas da comunidade RCD freqüentam lugares como esse.
Liguei o carro e nada. Esse motor de arranque está complicando minha vida. “Euphoria, take my hand” fecha com chave de ouro “Euphoric Heartbreak”
Agora sim o carro pegou...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Radiohead : The King of Limbs

 O céu escureceu mais cedo hoje e já faz tempo que Deus não vem me visitar nem em forma de passarinho, nem em forma de flor e nem forma nenhuma. Acordei no sofá com uma ressaca gigante, tomei dois comprimidos com café frio mesmo pra ver se a dor de cabeça vai embora.
A casa está vazia, sem o barulho do Bruninho o silencio dessa casa é deprimente. Minha esposa saiu e levou com ela os nossos filhos e, cada dia que passa dá impressão que eles são mais dela do que meus. Eu não tenho nada desde dia que eu perdi a ambição, não tenho nenhuma planilha e nem livros de auto-ajudas, não leio bíblia, pois acho muito complicado parece bula de remédio. Na verdade eu odeio domingo, feriado, carnaval, Natal... Eu odeio datas comemorativas enfim, eu me odeio.
Onde estive ontem à noite... Putz eu não sei... Eu estava com os caras da fábrica num barzinho... Depois acordei nesse sofá... Lembro-me vagamente de coroas gordas, peitudas e risadas, mas eu não sei o que é real e o que é sonho. Não sei como cheguei aqui...
Nenhum e-mail, nenhuma mensagem no Facebook, nenhuma ligação no celular. Já são 18h00min e eu, já to chapado novamente. Acho que teve jogo do Corinthians na Rede Globo, porém eu dei prioridade pro novo cd do Radiohead que eu baixei na semana passada. Bom. O cd é bom, no entanto eu prefiro ainda Kid A e o clássico deles: Ok Computer.
To com saudades dos moleques aonde minha esposa levou-os. Às vezes penso que minha esposa usa meus filhos pra me ferir, mas sei lá, vai que ela quer apenas preservar os moleques da vergonha que eu me tornei.
Coroas gordas e peitudas novamente invadem meus pensamentos. Onde estive? O que fiz?
Eu poderia ficar mais tempo no barzinho com os caras da fábrica que certamente alguém me levaria embora, mas estava tão chato, tão chato...
Tenho mais três latinhas na geladeira e uma indisposição enorme pra sair de frente do computador, qualquer dia desse eu coloco esse computador dentro da geladeira apenas pra facilitar essas tarefas difíceis.
Sexta-feira eu joguei bola com o Bruninho até as 23h00min, já tinha tomado todas no Bar do Jaime, porém o Bruninho ainda não percebe isto e, todas as vezes que passava a bola por mim e batia na parede ele gritava gol:
_Goooool do Corinthians papai:_Na verdade ele não fala Corinthians certinho, mas vou deixar assim mesmo.
Vou ter que me levantar, pois já sinto falta de outra cerveja.
Tenho a impressão que quando minha esposa voltar vai me encontrar outra vez dormindo no sofá e, certamente dirá:
_ Não acredito que essa mala ta deitado até agora.
O novo cd do Radiohead “The King of limbs” têm apenas oito musicas as quatros primeiras em meu conceito são descartáveis “Lótus flower” a quinta musica é aonde o cd começa engrenar “Codex” é tensa e triste “Give up the Ghost” parece que vai ser chata mas, quando Thom Yorke começa a cantar a chatice vai embora rapidinho e, finalmente pra encerrar “Separator” apesar de não ser o melhor cd do Radiohead Thom Yorke ta cantando como nunca.
 Acho que vou fritar uma lingüiça e colocar no meio de pão. To com uma fome do cão. Já foi o tempo que o meu domingo rimava com Coca-Cola e macarrão. Agora rima com ressaca e solidão... HAHAHAHA...   









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