sábado, 28 de maio de 2011

Eddie Vedder - Okulele Songs


Eddie Vedder...O sobrevivente.

Daquela explosão musical do começo dos anos 90, Eddie Vedder é o único sobrevivente com algo a oferecer, mesmo que sua oferenda as vezes não satisfaça as expectativas dos esfaimados.
Eddie jamais será um camaleão ou rockstar. Introspectivo jamais freqüentou outras praias até mesmo, quando sua praia tornou-se uma pequena ilha solitária.
O seu segundo cd solo nada mais é que um passeio nessa pequena ilha solitária.

“Ukulele Songs

É um trabalho ousado a base de um único instrumento o “Ukulele conhecido também com guitarra hawaiana”. Num total de dezesseis faixas que nos remetem a um belo passeio de final de tarde.

Apesar da ousadia e do belo passeio de final de tarde a impressão que fica é que Eddie Vedder encontrou um espelho nesta pequena ilha e, diante deste espelho compôs e interpretou todas as musicas deste álbum.
Enfim continua sendo o mesmo de sempre...Para o bem ou para o mal.

Trecho: Can’t Keep
Eu vivi toda essa vida
Como um oceano no disfarce

Trecho: Longing to Belong
Eu sonho com círculos perfeitos
Olhos no seu rosto
Meu coração é uma ferida aberta



Tracklist
01. Can’t Keep
02. Sleeping By Myself
03. Without You
04. More Than You Know
05. Goodbye
06. Broken Heart
07. Satellite
08. Longing To Belong 
09. Hey Fahkah
10. You’re True
11. Light Today
12. Sleepless Nights (com Glen Hansard)
13. Once In Awhile
14. Waving Palms
15. Tonight You Belong To Me (com Cat Power)
16. Dream A Little Dream

quinta-feira, 26 de maio de 2011

tUnE-YaRdS - WHOKILL

tUnE-YaRdS




Se você é um daqueles que ficou impressionado com a música de trabalho "Bizness", ficará ainda mais quando ouvir o álbum WHOKILL, projeto liderado pela vocalista  Merrill Garbus. 
Um desritmado sonoro de aproximadamente 43 minutos onde Merrill Garbus com um certo frenesi exorciza, solta grunhidos, se entrega, possui e é possuida.
A musica é emergente, às vezes em tom de desespero outrora como suplica. Não importa, incomoda do mesmo jeito. Dificil é ficar parado, fingir que nada está acontecendo. Fechar os olhos e sentir suavidade do vento é pura besteira.
Não foi a Pitchfork que inventou este projeto alias, foi Pitchfork que teve que engoli-lo inteiro.
Se você ficou interessado no som da banda, vá agora até cozinha pegue o liquidificador e acrescente em um litro de qualquer bebida alcoólica, Folk, world music, afro-music, bossa-nova, sirene de carro de bombeiro e sintetizadores, etc...
Enquanto muitos fazem musicas,  tUnE-YaRdS tenta reinventar a musica.


Destaque: Gangsta, Bizness, Powa e You Yes You.




The Horrors - Música nova

Still life
Tirada do novo Album "Skying" que será lançado em junho 2011







terça-feira, 24 de maio de 2011

Mona - Mona


Mona

Pra quem gosta de Kings of Leon, U2 , Europe, etc...

O álbum que leva mesmo nome da banda (Mona) é o primeiro dos rapazes de Nashville. Com uma produção primorosa e cheia de recursos, o Mona já nasceu com proposta de ser uma grande banda de Rock de Arena.
Isto fica ainda mais evidente quando voce ouve faixa-faixa. Comparações imediatas com Kings of Leon e U2 é notória logo nas duas primeiras faixas e, será constante até a ultima. Com pitadas as vezes do Hard Rock farofa que consagraram bandas como o Bon Jovi, Firehouse e Europe.
Tudo isto é possível?
O Stone Temple Pilots conseguiu nos anos 90 a proeza de ser todas as bandas do Grunge em uma só.
Bem, no meio de tudo isto sobressai algumas musicas boas:

Cloak and dagger, Lines in the sand, Say you will.











domingo, 22 de maio de 2011

Jj72

Bem, hoje vou escrever  do segundo disco que Cristina mais gostava. Devo lembrar que o forte resfriado que me acamou resumiu agora em apenas em espirros outrora, numa tosse sem prolongas.
Engraçado, ainda não consegui acostumar com domingo depois que, fiquei viúvo. Domingo é disparado o pior dia para um recém viúvo. Tomei uma xícara café e decidi então, podar as samambaias da varanda, esconderijos prediletos dos pernilongos que tanto me tormenta a noite inteira, no corredor na lateral da casa há seis vasos de orquídeas de diferentes espécies, eram as flores que Cristina mais gostava e por isso hoje tenho o maior zelo por elas.

Jj72
Foi a ultima descoberta de Cristina no mundo do rock. O interessante que Cristina descobriu o jj72 nas minhas coisas. Putz. Esqueci de mencionar que em novembro de 1995 nós nos casamos. Um casamento simples e com poucos convidados.
Eu, recém completado 21 anos e Cristina com apenas dezesseis. Bela, linda e com uma enorme barriga de uma gravidez precoce. Você se lembra Cristina aonde quer que você esteja agora. Como éramos imaturos e inconseqüentes? Você se lembra que todas as pessoas que nos rodeavam queriam mostrar uma direção pra gente seguir? E nós não tínhamos direção alguma, íamos à direção que o vento soprasse...

Oxygen foi a musica que conquistou Cristina talvez, o clipe que ela encontrou nas fitas de VHS que eu ficava gravando nas madrugadas da MTV Latina.
_Nossa Roberval. Aquela banda JJ72 que você gravou ontem, Oxygen, que musica hein! Sem falar do clipe.

_Jj72?
_É, aquele que no final do clipe o vocalista quebra tudo como se fosse o Kurt Cobain.

Cristina vasculhava todas as minhas coisas, eu sabia que isto não ia dar certo um dia, simplesmente porque eu não gostava daquilo.
_Sabe eu gravo tantas coisas na madrugada que Jj72 eu não to me recordando agora.
Dois dias depois:
_Rober... Obrigado você gravou agora October swimmer do Jj72.
_É,é,é,é, eu gravei...

Na verdade eu nem sabia que eu tinha gravado, a única certeza que eu tinha é que Cristina fuçava muito nas minhas coisas e, isto não me agradava.
Porém depois dessa noite comecei a prestar atenção no que eu gravava e nada de Jj72.
Eu poderia rever as minhas gravações VHS das noites anteriores. No entanto eu sempre estava cansado. Trabalhar na produção de uma multinacional não é fácil. Gravava todos os programas da madrugada numa promessa que um dia assistiria todas aquelas fitas.
Na verdade eu só conheci o Jj72 como uma gravação que Cristina conseguiu com um amigo duma apresentação ao vivo no festival V.

Eu acho que o franzino Mark Greaney sempre quis ser o novo Kurt Cobain e para sua própria decepção ele aproximou  de outro americano Billy Corgan.
Musicalmente o Jj72 me agrada muito. É uma pena que tenha durado tão pouco.
Cristina eu juro pra você que, vasculhei todas aquelas fitas VHS. Desculpe por não ter vasculhado antes pois, só agora que você não está mais presente eu descobri uma banda realmente boa.


Dicas para o Domingo

Ema




A banda mais bonita da cidade



sábado, 21 de maio de 2011

Thurston Moore - Demolished Thoughts


Thurston Moore
Demolished thoughts



Incrível, brilhante, fantástico...

O novo trabalho solo do vocalista do Sonic Youth, Thurston Moore merece todos os adjetivos que consta nos autos. Diferentemente da sua banda que abusa da microfonia e guitarras distorcidas “Demolished thougts” é calmo e sem pressa.

Benediction é uma junção de dedilhados de violino, harpa e guitarra acústica. Na verdade isto será freqüente até a ultima faixa. 
Deixei rolando o som enquanto procurava a lista dos remédios que tenho que tomar diariamente. 
_Dois de manha, um a tarde e um noite antes de dormir.
Como explicou o médico. No entanto quando esqueço eu tomo dois e até três antes de dormir.

Circulation tem pegada mais rock... Talvez seja o hino do ciclo menstrual.
     
Losartana, hidroclorotiazida, atenolol e sinvascor.
Tenho mais comprimidos que amigos e, como fazem falta. Não os amigos, os comprimidos. Um dia sem tomar apodera-se de mim uma enorme dor de cabeça e, a pressão sobe, sinto tonturas e falta de ar. Não tenho fome, não tenho sono, não tenho nada.
Às vezes tomo-os com água, outras vezes com leite, cerveja, conhaque... Depende muito do meu humor, do tempo... Hoje como estava frio tomei atenolol com conhaque.

Orchard Street tem clima crescente, é tensa, é chapada... Ou será o efeito do remédio com o álcool... Vou tomar um café.

Tenho que confessar antes que vocês descubram que sou viciado em café, os benefícios que o café me trás, me faz esquecer nos malefícios que ele provoca. A quantidade que eu bebo de café no dia é quase a mesma proporção de água. O café me acalma, tira meu sono, me deixa esperto. Minha vida sem café seria um desastre, Seria inimaginável eu, Roberval sem o café. Têm coisas na vida que não tem jeito de separar. Eu nunca me separo das coisas que eu gosto, são as coisas que eu gosto que  separam de mim.
Poderia citar agora dezenas de nomes de pessoas que me abandonaram se isso de alguma maneira me fizesse bem, poderia citar as datas dos seus aniversários, seus signos e suas musicas favoritas, poderia pegar um lápis agora e traçar suas faces em qualquer papel acrescentando apenas o envelhecimento dos anos que decorreram. Todas as pessoas que eu gostava, me abandonaram. Cristina me abandonou e as crianças vão me abandonar um dia, provavelmente isso acontecerá quando eu achar que isso nunca vai acontecer, talvez quando voltarmos de um passeio incrível, pois sempre foi assim, felicidade demais não me trás bom pressagio.

January é a ultima musica do disco. Um disco bom com a produção de Beck, aquele mesmo...
...Aproximo da janela do quarto, no poste da calçada lá na rua uma grande coruja acompanha atentamente o rodopiar de besouro na espera de algum vacilo, sapos também fazem plantão no asfalto almejando o mesmo cardápio. Fecho a janela e volto pra cozinha, vou tomar uma cerveja agora...


terça-feira, 17 de maio de 2011

Suede - Dog man star


Segunda-feira 16/05/2011 abrindo meus e-mails tive uma grata surpresa.
Assunto: Tendência Indie.
Um e-mail de Portugal questionando-me sobre Cristina principalmente o gosto musical dela. Confesso que quando conheci Cristina a única banda de Rock que ela gostava era o Bon Jovi. No entanto com decorrer do tempo ela me surpreendeu com suas descobertas musicas. Vou escrever os três álbuns que Cristina mais gostava, porém vou dividir em três partes, pois um forte resfriado apoderou-se do meu corpo.


O ano era 1992 vivíamos, o auge da era grunge. A cidade de Seatlle já tinha proliferado pelos quatros cantos do mundo através de bandas como : Nirvana, Pearl Jam, Alice In chains, Soundgarden, Mudhoney... O tênis All Star, a blusa de flanela xadrez amarrada na cintura e o famoso cavanhaque era visual mais descolado daquela época.
Kurt Cobain vocalista da banda Nirvana já era considerado um ícone do movimento muito antes do seu suicídio em 1994.

(Só o rock and roll: morte prematura ídolo eterno)

Foi nessa época que conheci Cristina, com sua mini saia colegial e meia arrastão. Ela não fazia parte da nossa turma e nem compartilhava a nossa bebida, o famoso tufão, (pinga+refrigerante barato+garrafa pet), mas tinha visual grunge o que chamava minha atenção.
Com todos esses atributos, ou melhor, com este atributo (visual grunge) demorou ainda dois anos pra eu criar coragem e chegar em Cristina. Lembro vagamente o que eu disse para ela, mas recordo-me muito bem desse pequeno dialogo:
_Você conhece o Nirvana?
_Não.
_Você conhece o Alice in chains?
_Não.
_Você conhece o Mudhoney?
_Não.
_Você conhece o Pearl jam?
_Nossa o Eddie Vedder é lindo!!!

No dia seguinte gastei minhas economias com vinil “Ten” do Pearl Jam:
_Cristina trouxe um presentinho pra você.
Cristina abre:
_Nossa o vinil do Pearl Jam!!!
_Ai tem as musicas: Black, Ocean, Alive… Você gosta?
_Não. Mas o Eddie Vedder é lindo.

Kurt Cobain já havia morrido e, certamente o movimento grunge havia sido jogado no mar juntamente com suas cinzas.

Criei coragem numa tarde chuvosa e fui pra casa de Cristina. Sua mãe me vendo todo molhado no portão me convidou pra entrar.
_Você é amigo dela.
Disse meu nome, e pra minha surpresa ela me disse:
_Cristina sempre fala de você. Espera ai vou chamá-la.
De repente Cristina aparece assustada.
_Seu louco o que você está fazendo aqui? Olha. Você está todo molhado. Entre, vamos lá no meu quarto.
O quarto de Cristina era cheio de pôsteres colado na parede: Eddie Vedder, dividia aquela parede de massa lisa com Jon Bon Jovi, Tom Cruiser, Sebastian Bach e outros.

_O que você está ouvindo?
_Ah!!! É uma banda da Inglaterra... O nome é Suede. Você conhece?
_Não, nunca ouvir falar...
_È um cd importado...
_Você tem aparelho que toca cd?
_Tenho.
_Chique hein...
_Nossa que vergonha “The wild ones” uma balada... Deixa pular esta música.
_Não. Deixa… Eu gostei.
_Sério?
_Meio David Bowie. Legal, você gosta disso?
_Eu adoro. Eu adoro a voz de Brett Anderson.


Dois dias depois voltei pra casa de Cristina e lá, estava ela ouvindo Suede:
_Essa é ´Daddy´s speeding”
Outro dia encontrei Cristina no caminho da escola cantarolando:

New generation

Down through the platinum spires
Down through the telephone wires
And we shake it around in the underground
And like a new generation rise…

_Que música é essa?
_New generation do Suede.

Cristina ouvia Suede noite e dia. Chegou um dia em que não tinha mais jeito fui novamente pra casa de Cristina. Apertei a campainha e lá saiu ela cantando e cantado como se fosse o próprio Brett Anderson, as vezes rebolando e passando as mãos pelos cabelos:

Black or Blue
He said,
"I don't care if you're black or blue,
me and the stars stay up for you
I don't care who's wrong or right
and I don't care for the
U.K.
tonight so stay, stay"

_Cristina eu trouxe aqui uma fita cassete pra voce gravar pra mim o cd do Suede “Dog man star”

Cristina sorriu quase que adivinhando que aquele cd um dia faria parte da “nossa” coleção do Suede.

“Still life” me fez chorar hoje enquanto escrevia...






domingo, 15 de maio de 2011

The Antlers - Burst Apart



Domingo é o dia que ouço todos os álbuns que eu baixo durante a semana. E, este domingo a minha expectativa maior é sem duvida The Antlers – Burst Apart. Li coisas boas e interessantes sobre este lançamento. Vamos lá.

Juro que tinha apertado o play e já estava na direção do banheiro pra fazer a barba porém,
 Peter Silberman:
 
You want to climb up to stairs”
“Você quer subir as escadas”
“I want to push you right down”
“Eu quero empurrar você para baixo”

The Antlers, realmente mudaram, um som mais introspectivo, com sutilezas e belos arranjos vocais. Voltei pra sala sem a menos tocar na barba. Acho que este jeito desleixado está “up” outra vez, os integrantes do Band of Horses e Fleet Foxes abusam das barbas enormes.
O refrão me fez lembrar de Fernanda:

I don't want love
Eu não quero amor
“I don't want love
Eu não quero amor

Na semana passada Fernanda havia me questionado sobre Cristina (http://tendenciaindie.blogspot.com/2011/05/wild-beasts-smother.html) porém, eu já tinha perdido Cristina muito antes disso:
  
O silêncio de Cristina me preocupava, a ausência do seu sorriso me deixava sem saber o que fazer, ela já não me ofendia, já não gritava comigo, já não dizia que ia embora por que estava cansada com esse relacionamento. Juro por deus que preferia quando o seu choro ficava incontrolado, e sua mão tremula atiravam pratos e copos na minha direção. Eu me sentia melhor quando ela dizia como estava arrependida de ter casado comigo, que ela merecia algo melhor, que meus filhos mereceria um pai melhor. Cristina me chamava de bêbado imprestável perto dos meus filhos, dizia que eu era um fumante de merda e que se envergonha de mim, do meu modo de vestir e da minha barba.

No Window
http://www26.zippyshare.com/v/66647477/file.html

Tem uma introdução bem manjada o Garbage, já fazia isto repetidas vezes nos 90. No entanto o vocal do Peter sobressai mais uma vez, numa afinação que parece ser simples e com arranjo inquestionável acaba cometendo a melhor ou umas das melhores canções do ano.

Cristina estava entregue aos pensamentos secretos, entregue a morbidez em sua pele pálida. Insípida, lânguida e cabisbaixa, sem reflexo algum. Neutra, sem sintomas de melhora ou piora. Cristina já não se importava com a fumaça do meu cigarro ou, se estava embriagado ou não.
Passei a me vestir do jeito que Cristina gostava, combinando cores e sapatos, passei a fazer barba com mais freqüência, parei de fumar no quarto. Tudo isso numa tentativa de tirar Cristina de sua dormência, assobiava alegremente alguma musica que sei que ela gostava, Cristina permanecia cabisbaixa e quase imóvel, as vezes os dedos da sua mão direita se mexiam talvez involuntariamente e desentronizados. Pior que tudo isso, é que Cristina chorava, não um choro compulsivo; o choro de Cristina não existia lagrimas, não existia soluços, não existia um motivo aparente. Cristina chorava por dentro, imagino eu, que suas as lagrimas faziam um caminho contrario, deslizavam pelos seus órgãos internos ou de alguma maneira findava-se em sua corrente sanguínea.

Corsicana”.
http://www26.zippyshare.com/v/90039836/file.html
 É outra bela canção. Aos fãs ardorosos de “Hospice” uma grande decepção, talvez a maior do ano mas, pra quem ta afim de ouvir um dos melhores álbum de 2011 tai a dica.


Cristina só se levantava para os afazeres domestico, ainda assim era uma outra Cristina. Uma Cristina robótica, com movimentos controlados, até mesmo quando provava o tempero da salada, não demonstrava se estava salgado ou faltando sal, talvez o chip de sua língua que detectava o paladar estivesse queimado.
 Cristina preparava a mesa com salada, arroz, feijão, contrafilé e suco artificial de laranja, e, quando todos estavam assentados Cristina começava a rezar sem sentimentos talvez para um Deus robô.
Quando a noite caia me isolava no fundo do quintal, longe de Cristina e das crianças abria uma garrafa de vinho e acendia um cigarro. Às vezes o meu silencio expressava tudo o que sentia, as vezes o meu silencio não expressava nada do que eu queria dizer. Eu conheço bem o meu silencio, Cristina conhecia bem o meu silencio. Sabia o que ele significava. Eu não conhecia o silencio de Cristina, eu não sabia o que o silencio de Cristina significava. Confesso que quando Cristina estava triste a casa toda ficava mais triste e, agora com sua ausencia, as rachaduras nas paredes tornaram-se maiores, a luz da cozinha é lúgubre e no corredor transitam um numero maior de baratas.

Putting the dog to sleep”.
http://www26.zippyshare.com/v/51619826/file.html
É quase um blues ou é novo blues…


sábado, 14 de maio de 2011

Dicas para o Domingo

Ghostpoet


Beat Connection


Wild Beasts - Smother

A obra-prima do Wild Beasts

Smother

A obra-prima do Wild Beasts

Ultimamente tenho feito sexo com Fernanda principalmente quando estou embriagado, poucas foram às vezes que eu estava sóbrio. Nossos diálogos são sombrios e sem sentidos, nossos sorrisos são meios sorrisos, existe uma relutância de ambos em abrir os lábios por inteiro; a gargalhada começa e nunca termina, e, os olhos se encontram incrédulos, porém, não desistem da mesma direção, vagarosos e sem brilhos, ofuscados e lacrimejados não importa, Fernanda não importa com nada. Sexo não precisa de amor, não precisa de carinho e nem de preliminares demorados.

Fernanda sempre se levanta antes, se limpa com papel higiênico, senta no vaso e faz xixi e diz que tá tudo ardendo.
Um minuto depois sou eu que me levanto preguiçosamente. O perfume de Fernanda fica impregnado em meu corpo a semana inteira. Posso me esfregar com tamanha força e o perfume fica como se fosse uma cicatriz aberta, o cheiro do perfume de Fernanda me sufoca. Alias tudo em Fernanda me sufoca. Seu dialogo sombrio, seu meio sorriso, sua calcinha oncinha, seu tênis rosa, seu gosto musical, seus filmes favoritos, seus livros de cabeceiras, seus seios grandes e despencados, sua tatuagem de borboleta colorida no ombro direito, brincos, pulseiras e o relógio.
Jamais voltei inteiramente completo para casa depois de fazer sexo com Fernanda, até mesmo nos melhores dias onde tudo funciona perfeitamente, não me sinto completo.

Conheci Fernanda dois meses depois do falecimento de minha esposa num boteco afastado do centro da cidade. Madrugada fria com poucas estrelas. Mal acomodado numa cadeira de frente pra rua “EU”, que tinha perdido recentemente minha razão de viver. Do outro lado também mal acomodada na cadeira só que do lado oposto, de costa pra rua "Fernanda" que nunca teve razão nenhuma pra viver segundo ela mesma.

Semana passada ao adentrar naquela espelunca, um quarto de pensão mal iluminado e sujo, antes mesmo de Fernanda tirar mini saia e desfilar com sua calcinha oncinha de um lado para o outro eu disse:
_ Fernanda eu trouxe algo pra gente ouvir.
_O novo da Lady Gaga.
_Melhor...
_Melhor é impossível.

A obra

Lion’s share a primeira musica fez Fernanda parar e acender um cigarro:
_ Profunda._Completou:- E esse “sonsinho” no final é muito louco.
Fernanda deitou-se ao meu lado.
_Esse é o volume Maximo do seu mp4? Gostei dessa musica também. Esse cara canta muito.
Enquanto tocava “Loop the loop”. Fernanda me surpreendeu:
_Sua esposa me fale dela. Como ela era?

Deixei rolar a primeira estrofe Plaything”.


New squeeze, take off your chemise
And I'll do as I please
I know, I'm not any kind of heart-throb
But at the same time, I'm not any sort of sloth

_Minha esposa era linda.
_Nossa isso é muito vago. O dia em que ela morreu me conta.
_Sabe Fernanda, eu nunca comentei isso com ninguém...
_Então me conta...

Invisible”.
_Nossa essa música me fez lembrar Peter Gabriel. Essa banda qual é o mesmo o nome dela?
_Wild Beasts
_Isso... Tem alguma influência do Peter?
_Não.
_Deixa pra lá. Agora me fale...


_Foi no entardecer de uma quinta-feira de um junho gélido e com fortes rajadas de vento que Cristina morreu. Recebi friamente a noticia pelo telefone do medico de plantão e, friamente me locomovi para o hospital. Cristina estava com câncer em fase terminal.
 Nenhuma lagrima rolou no meu rosto provido de uma barba espessa. Naquele itinerário sombrio que decidi fazer sozinho. Parei num pequeno boteco no meado do caminho. Tomei uma cerveja e comprei uma carteira de cigarros. Cheguei a conversar com o dono do boteco coisas banais com a mudança repentina do tempo, e, acendi um cigarro, estava estranhamente calmo, não estava triste como deveria. Certamente muitas pessoas já tinham chegado ao hospital em estado de choque, dando murros nas paredes ou chorando copiosamente.
 Quinta feira era um péssimo dia para morrer, pensei nisso antes de pagar a conta.

_Nossa que sombrio!
_O nome dessa música é “Albatross
_Não. Estou falando do que voce me contou.

_Comprei um carro com o dinheiro do seguro de vida de Cristina. Engraçado. Cristina sempre quis um carro e eu, sempre relutei com a idéia de possuir alegando que um carro aumentaria muito as nossas despesas e, com o salário que eu recebia era inviável. Diante da minha recusa Cristina sempre afastava tristonha e com os olhos lacrimosos. No entanto Cristina sempre voltava pensativa e com planos mirabolantes de economia, sempre com a idéia fixa de arranjar um emprego, fazia dezenas de currículos e dezenas de listas de regulamentos que deveríamos seguir para economizar. Nessas listas era tudo especificados desde da quantidade de pãezinhos de sal que deveríamos comer no café da manha até o horário do banho. As vezes fico imaginar quanto tempo Cristina gastava fazendo isto, quanto rascunhos ela teria atirado no lixo por esquecer de algum item e, tantos empregos recusou por causa dos filhos. A idéia de deixar os filhos na companhia de uma pessoa estranha era um grande empecilho para Cristina, talvez o maior de todos ou, o único empecilho.

_Isso é muito tenso.
_A música?
_A música também.
“_Burning.” É a minha favorita e, talvez você tenha razão, Peter Gabriel ... Meus amigos vão odiar essa comparação.

_Quinta-feira é péssimo dia para morrer. Você concorda comigo Fernanda?
Silêncio.
_Fernanda? Fernanda? Dormiu...

The end it comes too soon, too soon, too soon, too soon
The end it came too soon






05 Plaything by roberval
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