segunda-feira, 31 de março de 2014
terça-feira, 25 de março de 2014
domingo, 23 de março de 2014
Hierofante Purpura - A Sutil Arte De Esculhambar Musica Alheia
Hierofante
Purpura
A Sutil Arte De Esculhambar Musica Alheia
A noite é dos tolos,
dos cachorros vira-latas, dos gatos no cio, dos nóias na praça, das corujas no
alto do poste, dos camundongos ligeiros no canto das ruas... Tolo... Como se
tolo desprovesse de inteligência ou de uma fé necessária. Faço dos cigarros a
minha distração predileta círculos de fumaças, que duram segundos e depois
desaparecem. Eu não desapareço.
Semana retrasada um
amigo me disse que o Beck e o Hierofante Purpura haviam lançados álbuns bons.
Que 2014 prometia ser um ano incrivel pra música:
Procurei no meu
Galaxy Fame e encontrei o álbum que eu havia baixado na noite anterior:
Fone no ouvido...
Tenho a sensação que vida seria melhor a partir do momento que sintonizássemos
em alguma música, ajeitasse o fone no ouvido e apertasse o play. Falei disso
numa outra ocasião numa mesa de bar e ouvi de um amigo:
_Cê tá louco cara, o
mundo seria um desastre. Imagina um motorista de ônibus descendo a Serra de
Campos do Jordão ouvindo Pink Floyd – The Piper At The Gates Of Down. O volume
no talo, a música The Gnome e a frase martelando em sua cabeça: Look At The Sky, Look
At The River e, no ápice de sua viagem surgisse um gnomo. Você acha que o
motorista pisaria no freio? Hein?
Decidi deixar o
cabelo crescer desde que ouvi o Lonerism do Tame Impala. Carrego comigo ideias bisonhas porém, ao
ouvir pela primeira vez Lonerism tive a certeza absoluta que este álbum soaria
melhor ao meus ouvidos se possuísse uma vasta cabeleira. Não sei ao certo
quando essas ideias bisonhas começaram ditar regras na minha vida no entanto, o
álbum do Tame Impala subiu no meu conceito quando o meu cabelo alcançou meu
ombro.
Hoje meu cabelo oito
centímetros maior deixa o fone imperceptível em meus ouvidos. Aumento o
volume no máximo:
Vida e morte de Ira Kaplan – É uma luz divina que abençoa minha
franja despenteada com o vento, um riso despretensioso e sem significado algum
nasce e morre no canto direito dos meus lábios, na infrequência sonora da morte
de Kaplan.
Tears Are In Your Eyes - Sigo, tentando equilibrar no meio fio. A
noite fica mais densa, sombria, tristonha... Sei, já me avisaram com
antecedência que “Tears Are In Your Eyes” é cover do Yo La Tengo. Na verdade o álbum é recheado de covers. E, eu poderia
continuar a música equilibrando no meio fio porém, um cachorro vira-lata surgiu
da escuridão, o som alto no meu fone não deixou ouvir cachorro latir e sim, fiquei
com impressão que o cachorro que cantava “Tears
Are In Your Eyes”.
De repente as luzes
da rua se apagaram e lua tornou-se visível para meus olhos, rodeadas por
milhares de estrelas amarelas e reluzentes. Sentei debaixo de uma falsa
seringueira e acendi o ultimo cigarro, outros círculos de fumaças, o sono veio
mas, consegui me levantar antes que meus olhos fechassem. Aliás esqueci de
mencionar que cachorro que latia sua bravura, raiva, hostilidade em minha
direção agora me acompanhava abanando seu rabo de um contentamento cordial.
Um Nóia vindo não sei
de onde intercepta o meu caminho gesticula e grita com um revolver 38 em minha
direção. O som alto do meu fone impediu o entendimento, o cachorro avançou
feroz, mostrando dezenas de dentes mau cuidados e transmissores de dezenas
doenças. No entanto antes de morder o nóia um tiro certeiro vitimou deixando
sem movimento, sem o abano do rabo e sem vida.
Tentei tirar o fone
do ouvido no impulso e, de repente um dor do lado direito do meu peito como se
fosse uma aplicação de uma injeção de benzetacil, foi isso o que pensei na
hora. Cai do lado do cachorro sem conseguir me levantar. No entanto o som
estava alto em meu ouvido e, uma voz que ia se apagando, sumindo aos poucos.
Lembro-me vagamente de palavras desconexas: trigo, bago de trigo, pão, bagaço da cana e doçura
do mel.
Desmaiei.
Acordei com luzes
piscando, pessoas talvez três ou quatro ao meu redor. Eles falavam comigo com
olhos preocupados, davam tapinhas em meu rosto, conversavam entre eles e,
certamente o meu cabelo comprido camuflava o fone dos meus ouvidos, me
colocaram em cima de uma maca. Depois dentro de um carro provavelmente em uma
ambulância. Esqueceram do cachorro ou nem se importaram com ele.
Dei entrada
certamente no pronto socorro, um médico novo e assustado pra “carai” olhou pra
mim e começou a falar:
Baga
Bauret
Guimba
Pontolha
Da banana eu fumo
folha.
Começo a rir, rir sem
parar. O médico ficou tão animado com minha melhora repentina sem perceber o
fone em meu ouvido. Ele olhou pra enfermeira e disse:
Curto
Comprido
Perna de Grilo
Erva Santa Sem
amônia.
A enfermeira olha pra
mim, olha pro medico incrédula e, o médico repete:
Baga
Bauret
Guimba
Pontolha
Da banana eu fumo
folha.
Tudo estava tão divertido
até que a enfermeira percebeu o fone no meu ouvido e ao retira-lo a magia foi-se embora.
Apaguei.
Hoje, duas semanas
depois... Eu estou em casa, com uma bala alojada no lado direito do meu peito ouvindo
a última música: Éter No Amigo.
quarta-feira, 12 de março de 2014
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segunda-feira, 3 de março de 2014
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