terça-feira, 29 de abril de 2014

Hole – Celebrity Skin



Hole – Celebrity Skin

Não sei exatamente onde o amor começa, alguns dizem que começa no sorriso, outros dizem que começa no olhar e, também ouvi dizer que amor nasce na cama mesmo. Confesso que meu amor começou no álbum mais xaroposo do Hole – Celebrity Skin.
Antes de você...
Eu pensei merda pra carai , pois quando se tem dezoito anos e o seu ídolo, o seu herói, o cara que canta e compõem suas músicas prediletas dá tiro na própria cabeça, você fica desorientado, você se sente traído e a vida sem sentido. Depois que o ele se foi, meu círculo de amizades mudou completamente e, o que todos meus novos amigos tinha em comum era todos os álbuns do Nirvana.


... E foi assim.
E juro que foi assim que eu a conheci. O Nirvana era apenas um começo de conversa, era lamúria, incompreensão, vazio contados no ponteiro do relógio. Não havia sorriso e nem olhares. Pra ser sincero havia o vento frio lá fora, havia algumas estrelas no céu quase sem brilhos, transeuntes indo e vindo, carros que paravam no sinal e depois prosseguiam e o pipoqueiro solitário sob a luz de mercúrio.
E tudo que sobressaia era nossas roupas enxadrezadas e o orgulho besta de bater no peito e dizer “Eu sou Grunge”.


Poderíamos ter vivido uma hora a mais a cada dia desses cinco anos que ficamos juntos. No entanto, agora não existe carinho, não existe mais respeito e a lembrança que insiste é o álbum "Celebrity Skin" que eu ouço todos os dias.



. O amor está tão próximo do ódio.


Tenho algumas ideias esquisitas quando você visita meus pensamentos, tenho alguns planos em andamentos quando trombo com você na rua, tenho acordado assustado quando sonho com você... poderíamos ter gatos e cachorros.
Hoje eu não sinto frio, não sinto calor, não sinto nada. Não fico embriagado quando bebo, não sinto fome quando não como. Eu apenas emagreço, eu envelheço uma semana a mais que o normal. Eu fico dias, semanas sem falar com ninguém. Seguindo a estrada de ferro feito um trem sem freios. Porém eu sigo a sua rotina, mantenho a distancia, escondendo atras de troncos de arvores, camuflando em ponto de ônibus. Você tem acordado cedo demais pra passear com o cachorro, um labrador alias, um lindo labrador. Eu sempre mantenho a distancia de dois quarteirões e, ainda sim o teu perfume adocicado me excita.
A lembrança do teu jeito de mexer tua bunda durante coito, ainda me deixa tresloucado.

Éramos tão felizes...

Você sempre pegava violão depois da segunda garrafa de vinho e desafinada começava cantar “Northern Star” do Hole.



Eu sempre dizia que era o disco mais xaroposo do Hole e, você nem se importava com minha opinião e emendava “Hit So Hard”.


É incrível que essas músicas tornam-se verdadeiros clássicos quando é tocado por alguém que gente tem um apreço inestimável.
_Quero mais vinho.
Você sempre dizia isto quando terminava alguma música.
Então saímos desesperados em busca do vinho a qualquer hora da noite ou do dia.
 Eu, você e o violão. Não importava a lanchonete, o restaurante ou boteco que estávamos. Você  pegava o seu violão: “Dying” tinha carga emocional numa quase capela que facilmente todos os olhares ganhavam tua direção e, você sabia disso.

“Eu sou o que sobrou do Grunge”.

Uma vez, depois de olhar minucioso em minha camiseta. Você me disse antes de pegar o violão:
_Essa você conhece?
E com o violão nas mãos começou a introdução.
Não sou expert em introdução de músicas porém, não tinha como errar “Nutshell” do Alice in Chains. Raras vezes que você abria exceção no seu repertorio que era 100% Hole.  Levantei com certo orgulho besta e amarrei minha blusa enxadreza na cintura deixando bem visível minha camiseta estampada do álbum “Facelift” do Alice In Chains e fui em direção ao balcão:


_Uma garrafa de vinho de tinto.

Seu violão... Seu violão que ainda está aqui dependurado na parede do meu quarto como se fosse uma fotografia. É nele que vejo em meios de teias de aranhas e uma corda arrebentada teu sorriso e o brilho dos teus olhos em minha direção.

Awful- era outra música que nunca faltava em teu repertorio, sempre balançando a vasta cabeleira loira, um sorriso entre os lábios bem vermelhos e a voz sempre desafinada e chapada. Quem disse rock n´roll precisa ter afinação.



Perdíamos sempre o ultimo o ônibus e tínhamos alguns quilômetros de uma caminhada lenta e assincrônica, onde o silencio era predominante porém, era fértil, olhávamos sempre as mesmas estrelas e, nossos olhares cruzavam logo após testemunharem a morte  de algumas delas. Eu sempre quis ter filhos, ter casa, ter carro, ter gatos e cachorros.

Não sei exatamente onde o amor começa, alguns dizem que começa no sorriso, outros dizem que começa no olhar... A unica certeza que eu tenho é onde esse amor termina. 
Agora eu vejo um labrador assustado e sozinho...


Coldplay - Ouça a nova musica " A Sky Full Of Stars".


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