terça-feira, 27 de janeiro de 2015
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Hierofante Púrpura – Boas Bestas (EP 2015)
Eu
sei, vamos construir a nossa casa e fazer amizades com pessoas de cores
diferentes, com diálogos diferentes, de alturas variadas, de olhares curiosos, abduzidos
por vaga-lumes e que ouvem Boas Bestas.
Comunicaremos
através gestos e o medo será nossa defesa, fingiremos ser cobra para saborear
outras cobras nas refeições com batuque repetitivo de sapos martelos. Dois cafés
da manhã e frutas ácidas no final da tarde, mergulharemos na cachoeira de águas
gélidas enquanto assassinatos serão cometidos na área arborizada perto do
caquizeiro.
Tenho
álibi não fui e nem vim mas, estou consternado com tudo isso, galinhas angolas
não merecem isso, pescoço quebrado diz à polícia.
Há
suspeitos. Pessoas de cores diferentes, de diálogos diferentes, de alturas
variadas, de olhares curiosos, abduzidos por vaga-lumes e que ouvem Boas Bestas.
Tenho
olhos azuis e uma religião alternativa que acredita e venera pedras
preciosas que, vem junto com as correntezas das águas gélidas e desemboca na
cachoeira. Enfim, não sou suspeito. No entanto o policial perguntou:
_Conhece
Imoralidades Estrambólicas?
_Conheço...
Mas não cheiro e nem bebo.
O
policial desconfiado e sendo pressionado pelo assassinato da galinha angola
insiste:
_
Você parece desequilibrado e mal humorado.
_Pessoas
me irritam demais. Penso que não vai dar mais.
Tentei
desvencilhar do policial ziguezagueando entre o pessegueiro e pé de figo
cantarolando:
A insustentável
leveza do cê
Em outra vida eu te desvendei
Saiba que hoje eu me reencontrei
Por causa da leveza do cê...
Em outra vida eu te desvendei
Saiba que hoje eu me reencontrei
Por causa da leveza do cê...
Porem o policial metido a besta testemunhando meus olhos azuis e minha cor, perseguiu-me
até o pé de figo sabendo que eu não era culpado, com arma punho e um brado
decorado:
_Em
nome da lei pare ou eu atiro.
Parei
como um touro para diante de um mata-burro, com valentia desdobrada e sem inteligência
para atravessar aquelas madeiras nas horizontais. O policial com a arma punho e
um sorriso de desdém, com a voz favorecida com a situação me questiona:
_Judiação...
Esse mata-burro não te deixa prosseguir? Sei que não é o assassino no entanto,
conhece pessoas de cores diferentes, de diálogos diferentes, de alturas
variadas, de olhares curiosos, abduzidos por vaga-lumes e que ouve Boas Bestas.
Respondi:
_Acredito
que o silencio é o melhor curador... Sobre toda essa má idéia, estendo minhas
mãos.
Houve
um momento de silencio onde o policial é o dono da verdade, apertar o gatilho sem dizer nada
ou prolongar aquele momento, eu, com as mãos estendidas com único pensamento “Porque
devemos perdoar? ”
_Tenho
Transe Só e A Sutil Arte de Esculhambar Música Alheia.
Respirei
fundo, um salto alto estaria protegido atrás do pessegueiro, outro salto
estaria montado no Pampinho, cavalo branco e ligeiro, sem chance de
questionamento estaria livre no meio das montanhas, fingindo ainda ser cobra
para alimentar de cobras.
Mudando
de assunto repentinamente o policial perguntou:
_Quem
matou a galinha angola?
_Eu
não sei – Lembrei das curvas sinuosas do raio no meio da chuva e, do barulho que
o vento faz.
_Eu
juro no fundo do meu ser que você sabe de alguma coisa. Fale, gesticule, dance,
cante... Sei lá?
Então
comecei cantar e a dançar meio sem jeito:
_Essa força que me toma
é de um Deus
que nasceu
dentro da flor
Desabrochou em mim
e se fez assim
lânguida cor
Uma mistura branca
castanho
e laranja
cheirei
devaneei
nas curvas daquela fumaça azul
que me completou
me completou
completo!
Eu cogumelo
fui sapo
fui lobo
via Lua
vi Sol
eu fui eu fui
eu vi eu vi
eu fui no topo da colina de pedras
Magnéticas pedras.
é de um Deus
que nasceu
dentro da flor
Desabrochou em mim
e se fez assim
lânguida cor
Uma mistura branca
castanho
e laranja
cheirei
devaneei
nas curvas daquela fumaça azul
que me completou
me completou
completo!
Eu cogumelo
fui sapo
fui lobo
via Lua
vi Sol
eu fui eu fui
eu vi eu vi
eu fui no topo da colina de pedras
Magnéticas pedras.
sábado, 10 de janeiro de 2015
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
sábado, 3 de janeiro de 2015
David Bowie – The Rise & Fall of Ziggy Stardust and Spiders From Mars
David Bowie – The Rise & Fall of Ziggy Stardust and Spiders From Mars
Meu
primeiro contanto profundo com a música do David Bowie veio acontecer no começo
dos anos 90 com mudança de um novo vizinho. Um homem de meia idade, recatado e
bem vestido. Estas foram as primeiras impressões que tive do novo vizinho pela
fresta da janela da sala da minha casa, por onde pude observar o dono daquela
casa nova e aconchegante. Outra coisa que observei que não havia mulher,
criança ou cachorro. Fui dormir...
Acordei
sete horas da manhã do Domingo com uma música alta, era o novo vizinho marcando
seu território ou coisa parecida. A música era boa porém, não identifiquei quem
era o cantor ou banda. Sai ainda de cueca para o quintal encucado, não era
Grunge e nem Britpop, sendo que a segunda opção parecia oriunda daquilo que eu
estava ouvindo. Certeza mesmo é que tinha sido gravado antes dos anos oitenta.
Meu novo vizinho também tinha um bom gosto musical.
Fui
para cozinha com a intenção de fazer um café no entanto, descobri finalmente
quem era o dono daquela voz, era David Bowie. Starman foi a música que fez as ligações
em meu cérebro... Putz, eu sabia que já tinha ouvido aquela voz.
Adiei o café, abri uma cerveja e aproximei do muro afim de ouvir o álbum
completo.
Demorou
talvez duas semanas para fazermos amizade e, fui eu, que puxei assunto:
_Você
gosta muito do David Bowie?
_Nossa!
Devo tê-lo incomodado.
_Que
nada, pior seria se fosse como vizinho da esquerda aqui, só rola Raça Negra o
dia inteiro.
_Cruzes!!!
Odeio pagode. Que sorte é a minha, que sua casa é um paredão para
meus ouvidos. – Ele sorriu coçando a nuca, depois me questionou: _ E você? Além
do David Bowie o que mais ouve?
_Na
verdade tô aprendendo ouvir Bowie depois que você mudou pra cá. Ouço:
Nirvana, Pixies, Alicie In Chains. Quem mais? Enfim bandas inglesas: Manic
Street Preachers, The London Suede, The Stones Roses. Não sei se voce conhece?
_
Conheço sim. Mas devo confessar, eu amo Bowie.
Ele
poderia realmente conhecer todas essas bandas que citei entretanto, o que mais
eu ouvia do lado de cá do muro era David Bowie principalmente o álbum: The Rise
and Fall of Ziggy Stardust and Spiders From Mars. Outra coisa que notei que sempre no final de
semana apareciam alguns rapazes em sua casa, e, embalados ao som de David Bowie ouvia-se um coro desafinado.
Alguns anos depois o meu vizinho começou a construir uma edícula e não
demorou muito para ficar pronta. Convidou-me para conhecer, advinha o que estava
tocando no aparelho de som? Creio que muitos acertaram o vinil do David Bowie
The rise and fall of ziggy stardust and Spiders From Mars. Cozinha, sala, banheiro e um
dormitório:
_Meu irmão vai vir morar na casa da frente... Coitado está sem moradia. Ele,
a mulher, duas crianças e um cachorro. Vai morar aqui temporariamente até
estabilizar, conseguir financiar uma casa além do mais, eu adoro meus
sobrinhos, são uns amores.
Já estava de saída quando ele disse:
_Espere um pouco.
Voltou para sala da edícula e trouxe com ele o vinil do David Bowie que
estava tocando no aparelho de som.
_Toma, é para você de presente.
_Nossa, não precisa. Você ouve todos dias.
_Eu tenho outro desse. Esse é seu.
Depois da mudança do seu irmão para casa da frente, Benedito tornou-se mais
dócil e comunicativo. Ele tinha um afeto grande pelos sobrinhos, dois moleques
com idade de oito e seis anos que, rapidamente aprenderam a cantar músicas do
David Bowie. No entanto, a noite não tinha mais aquela empolgação o som era
baixo, as conversas terminavam antes da meia noite. Um dia resolvi eu mesmo
ouvir aquele vinil do Bowie que havia ganho dele de presente no volume máximo
depois da meia noite, achando estar fazendo um bem para os ouvidos dele.
Resultado, vinte minutos depois a viatura da polícia estava em frente da minha casa.
No dia seguinte Benedito veio conversar comigo:
_Desculpe pela polícia ontem à noite. Meu irmão... Eu já conversei com
ele...
_Tudo bem. Acho que extravasei mesmo, esqueci das crianças.
Porém, o pior estava por vir, foi num sábado quando Benedito resolveu
fazer um revival das noites festivas com os seus amigos jovens em sua casa, a
primeira coisa que percebi que o som estava alto, havia risos e um falatório interminável,
o som era David Bowie The rise... Do outro lado do muro eu estava feliz e
sonolento. Confesso que dormi um pouco, fui acordado com uma gritaria
gigantesca. Era discussão entre Benedito e seu irmão:
_Que isso Bendito isto aqui já extrapolou todos os limites, som alto,
bebedeira e está pouca vergonha de orgia.
_A casa é minha.
_Mas, você acha certo fazer sexo grupal com as portas e janelas abertas?
Eu tenho filhos pequenos, seus sobrinhos alias. Você é meu irmão.
Foi ai que Benedito perdeu as estribeiras:
_Irmão porra nenhuma... Sou sua irmã. Aceita isso ou vai embora.
_Tio, tio, tio – era as vozes dos sobrinhos.
_Tio não, Tio o “caraio”. Tia, de agora em diante é tia.
Acordei tarde naquele dia e descobri que já não tinha mais vizinho. Mudaram-se
logo de manhã daquele domingo. Nunca mais vi Benedito ou seus sobrinhos, na
verdade a única que coisa que sobrou desse tempo foi o vinil do David Bowie.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Assinar:
Postagens (Atom)