sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Motorama – Poverty (Eu ouvi, gostei e recomendo).




01. Corona
02. Dispersed Energy
03. Red Drop
04. Heavy Wave
05. Impractical Advice
06. Lottery
07. Old
08. Similar Way
09. Write To Me

https://www.oboom.com/IJ5CVKUS/Pover.rar

http://uploaded.net/file/qciysw09

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Maquiladora - Sessões no Sótão



Discografia:

Maquiladora (2007)

Parturition (2009)


My Silent Van Gogh (2010)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Hierofante Púrpura – Boas Bestas (EP 2015)



Hierofante Púrpura Boas Bestas (EP 2015)

Eu sei, vamos construir a nossa casa e fazer amizades com pessoas de cores diferentes, com diálogos diferentes, de alturas variadas, de olhares curiosos, abduzidos por vaga-lumes e que ouvem Boas Bestas.

Comunicaremos através gestos e o medo será nossa defesa, fingiremos ser cobra para saborear outras cobras nas refeições com batuque repetitivo de sapos martelos. Dois cafés da manhã e frutas ácidas no final da tarde, mergulharemos na cachoeira de águas gélidas enquanto assassinatos serão cometidos na área arborizada perto do caquizeiro.

Tenho álibi não fui e nem vim mas, estou consternado com tudo isso, galinhas angolas não merecem isso, pescoço quebrado diz à polícia.
Há suspeitos. Pessoas de cores diferentes, de diálogos diferentes, de alturas variadas, de olhares curiosos, abduzidos por vaga-lumes e que ouvem Boas Bestas.

Tenho olhos azuis e uma religião alternativa que acredita e venera pedras preciosas que, vem junto com as correntezas das águas gélidas e desemboca na cachoeira. Enfim, não sou suspeito. No entanto o policial perguntou:

_Conhece Imoralidades Estrambólicas?
_Conheço... Mas não cheiro e nem bebo.

O policial desconfiado e sendo pressionado pelo assassinato da galinha angola insiste:
_ Você parece desequilibrado e mal humorado.
_Pessoas me irritam demais. Penso que não vai dar mais.

Tentei desvencilhar do policial ziguezagueando entre o pessegueiro e pé de figo cantarolando:

A insustentável leveza do cê 
Em outra vida eu te desvendei 
Saiba que hoje eu me reencontrei 
Por causa da leveza do cê...

Porem o policial metido a besta testemunhando meus olhos azuis e minha cor, perseguiu-me até o pé de figo sabendo que eu não era culpado, com arma punho e um brado decorado:

_Em nome da lei pare ou eu atiro.

Parei como um touro para diante de um mata-burro, com valentia desdobrada e sem inteligência para atravessar aquelas madeiras nas horizontais. O policial com a arma punho e um sorriso de desdém, com a voz favorecida com a situação me questiona:

_Judiação... Esse mata-burro não te deixa prosseguir? Sei que não é o assassino no entanto, conhece pessoas de cores diferentes, de diálogos diferentes, de alturas variadas, de olhares curiosos, abduzidos por vaga-lumes e que ouve Boas Bestas.

Respondi:

_Acredito que o silencio é o melhor curador... Sobre toda essa má idéia, estendo minhas mãos.

Houve um momento de silencio onde o policial é o dono da verdade, apertar  o gatilho sem dizer nada ou prolongar aquele momento, eu, com as mãos estendidas com único pensamento “Porque devemos perdoar? ”

_Tenho Transe Só e A Sutil Arte de Esculhambar Música Alheia.

Respirei fundo, um salto alto estaria protegido atrás do pessegueiro, outro salto estaria montado no Pampinho, cavalo branco e ligeiro, sem chance de questionamento estaria livre no meio das montanhas, fingindo ainda ser cobra para alimentar de cobras.

Mudando de assunto repentinamente o policial perguntou:
_Quem matou a galinha angola?
_Eu não sei – Lembrei das curvas sinuosas do raio no meio da chuva e, do barulho que o vento faz.

_Eu juro no fundo do meu ser que você sabe de alguma coisa. Fale, gesticule, dance, cante... Sei lá?

Então comecei cantar e a dançar meio sem jeito:


_Essa força que me toma 
é de um Deus 
que nasceu 
dentro da flor 

Desabrochou em mim 
e se fez assim 
lânguida cor 

Uma mistura branca 
castanho 
e laranja 
cheirei 
devaneei 
nas curvas daquela fumaça azul 
que me completou 
me completou 
completo! 

Eu cogumelo 
fui sapo 
fui lobo 
via Lua 
vi Sol 
eu fui eu fui 
eu vi eu vi 
eu fui no topo da colina de pedras 

Magnéticas pedras.



Blur - No Distance Left To Run (Documentário)


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

sábado, 3 de janeiro de 2015

David Bowie – The Rise & Fall of Ziggy Stardust and Spiders From Mars

David Bowie – The Rise & Fall of Ziggy Stardust and Spiders From Mars 


Meu primeiro contanto profundo com a música do David Bowie veio acontecer no começo dos anos 90 com mudança de um novo vizinho. Um homem de meia idade, recatado e bem vestido. Estas foram as primeiras impressões que tive do novo vizinho pela fresta da janela da sala da minha casa, por onde pude observar o dono daquela casa nova e aconchegante. Outra coisa que observei que não havia mulher, criança ou cachorro. Fui dormir...



Acordei sete horas da manhã do Domingo com uma música alta, era o novo vizinho marcando seu território ou coisa parecida. A música era boa porém, não identifiquei quem era o cantor ou banda. Sai ainda de cueca para o quintal encucado, não era Grunge e nem Britpop, sendo que a segunda opção parecia oriunda daquilo que eu estava ouvindo. Certeza mesmo é que tinha sido gravado antes dos anos oitenta. Meu novo vizinho também tinha um bom gosto musical.



Fui para cozinha com a intenção de fazer um café no entanto, descobri finalmente quem era o dono daquela voz, era David Bowie. Starman foi a música que fez as ligações em meu cérebro... Putz, eu sabia que já tinha ouvido aquela voz. Adiei o café, abri uma cerveja e aproximei do muro afim de ouvir o álbum completo.




Demorou talvez duas semanas para fazermos amizade e, fui eu, que puxei assunto:
_Você gosta muito do David Bowie?
_Nossa! Devo tê-lo incomodado.
_Que nada, pior seria se fosse como vizinho da esquerda aqui, só rola Raça Negra o dia inteiro.
_Cruzes!!! Odeio pagode. Que sorte é a minha, que sua casa é um paredão para meus ouvidos. – Ele sorriu coçando a nuca, depois me questionou: _ E você? Além do David Bowie o que mais ouve?
_Na verdade tô aprendendo ouvir Bowie depois que você mudou pra cá. Ouço: Nirvana, Pixies, Alicie In Chains. Quem mais? Enfim bandas inglesas: Manic Street Preachers, The London Suede, The Stones Roses. Não sei se voce conhece?



_ Conheço sim. Mas devo confessar, eu amo Bowie.

Ele poderia realmente conhecer todas essas bandas que citei entretanto, o que mais eu ouvia do lado de cá do muro era David Bowie principalmente o álbum: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and Spiders From Mars. Outra coisa que notei que sempre no final de semana apareciam alguns rapazes em sua casa, e, embalados ao som de David Bowie ouvia-se um coro desafinado.




Alguns anos depois o meu vizinho começou a construir uma edícula e não demorou muito para ficar pronta. Convidou-me para conhecer, advinha o que estava tocando no aparelho de som? Creio que muitos acertaram o vinil do David Bowie The rise and fall of ziggy stardust and Spiders From Mars. Cozinha, sala, banheiro e um dormitório:
_Meu irmão vai vir morar na casa da frente... Coitado está sem moradia. Ele, a mulher, duas crianças e um cachorro. Vai morar aqui temporariamente até estabilizar, conseguir financiar uma casa além do mais, eu adoro meus sobrinhos, são uns amores.
Já estava de saída quando ele disse:
_Espere um pouco.
Voltou para sala da edícula e trouxe com ele o vinil do David Bowie que estava tocando no aparelho de som.
_Toma, é para você de presente.
_Nossa, não precisa. Você ouve todos dias.
_Eu tenho outro desse. Esse é seu.

Depois da mudança do seu irmão para casa da frente, Benedito tornou-se mais dócil e comunicativo. Ele tinha um afeto grande pelos sobrinhos, dois moleques com idade de oito e seis anos que, rapidamente aprenderam a cantar músicas do David Bowie. No entanto, a noite não tinha mais aquela empolgação o som era baixo, as conversas terminavam antes da meia noite. Um dia resolvi eu mesmo ouvir aquele vinil do Bowie que havia ganho dele de presente no volume máximo depois da meia noite, achando estar fazendo um bem para os ouvidos dele. Resultado, vinte minutos depois a viatura da polícia estava em frente da minha casa.




No dia seguinte Benedito veio conversar comigo:
_Desculpe pela polícia ontem à noite. Meu irmão... Eu já conversei com ele...
_Tudo bem. Acho que extravasei mesmo, esqueci das crianças.

Porém, o pior estava por vir, foi num sábado quando Benedito resolveu fazer um revival das noites festivas com os seus amigos jovens em sua casa, a primeira coisa que percebi que o som estava alto, havia risos e um falatório interminável, o som era David Bowie The rise... Do outro lado do muro eu estava feliz e sonolento. Confesso que dormi um pouco, fui acordado com uma gritaria gigantesca. Era discussão entre Benedito e seu irmão:
_Que isso Bendito isto aqui já extrapolou todos os limites, som alto, bebedeira e está pouca vergonha de orgia.
_A casa é minha.
_Mas, você acha certo fazer sexo grupal com as portas e janelas abertas? Eu tenho filhos pequenos, seus sobrinhos alias. Você é meu irmão.
Foi ai que Benedito perdeu as estribeiras:
_Irmão porra nenhuma... Sou sua irmã. Aceita isso ou vai embora.
_Tio, tio, tio – era as vozes dos sobrinhos.
_Tio não, Tio o “caraio”. Tia, de agora em diante é tia.

Acordei tarde naquele dia e descobri que já não tinha mais vizinho. Mudaram-se logo de manhã daquele domingo. Nunca mais vi Benedito ou seus sobrinhos, na verdade a única que coisa que sobrou desse tempo foi o vinil do David Bowie.




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