quinta-feira, 25 de maio de 2017

First Aid Kit - The Lion's Roar

First Aid Kit - The Lion's Roar



Acabei de assistir pela a Televisão o Show do Band of Horses  no Festival Lollapalooza, é a primeira vez que acontece esse Festival idealizado Perry Farrel aqui no Brasil.

 Entre esperar a apresentação do Foo Figthers e dar role pelo centro da cidade, optei pela segunda opção.
Chave, carteira, celular e fone de ouvido. Meu kit de sobrevivência para qualquer andança. Fecho a porta, o portão, há vizinhos e crianças na calçada, é curioso o jeito que eles me olham como se eu fosse de um outro mundo, sorrio descontraído para eles que me retribuem porém, uns quatros passos adiante consigo ouvir cochichos maldosos sobre a minha pessoa. Deixa pra lá, eu não me importo.

Primeira parada a Padaria que mais parece um boteco, bêbados caídos no chão, outros te pedindo um real e outros que só querem pegar a sua mão. Uma lata cerveja e uma indecisão. Pra onde ir no centro?

Sei lá... Os melhores clubes e bares estão apinhados de jovens com a idade do meu filho mais velho que acham Foster the People a melhor banda do mundo e, você corre risco ainda da garota mais bonita te chamar de tiozão.

Ajeito o fone no ouvido “First Aid Kid” The Lions Roar. Lembro-me dessas duas adolescentes do Youtube fazendo cover do Fleet Foxes:


Sei lá, quando o nome de uma musica é nome do álbum sobrecarrega a musica de uma responsabilidade incrível,  como que ela (musica) fosse o resumo do álbum em si.



No ônibus rumo ao centro na cidade, eu me assento perto da janela, à escuridão da noite é semelhante à escuridão de dentro de mim, há luzes fracas que mal ilumina as ruas, há traficantes, prostituições, há violência e algumas estrelas.


Ponto final, ganho as ruas do centro, cidade dos carrinhos de hambúrguer, dos cachorros abandonados e dos craqueiros. Bar do Chinês apinhado de desiludidos, de mulheres que traem, de empresários falidos, de artistas frustrados, de trombadinhas, gays e lésbicas. Parece que tudo que sociedade não aceita são fregueses assíduos desse bar.


Peço uma cerveja, o Lee dono do estabelecimento  já me conhece, pede gestualmente pra tirar o fone e, num português quase indecifrável ele pergunta "Como estou?", sem se importar como minha resposta “se estou bem ou mal” ele sai rapidamente pra atender outra pessoa, o negocio do Lee é o dinheiro.

Do meu lado esquerdo, perto do banheiro, duas meninas lindas no auge da volúpia se beijam num frenesi doido que meus olhos não conseguem fugir e nem fingir. Outra cerveja, um artista frustrado aproxima de minha mesa e outra vez, sinto-me obrigado a tirar o fone dos ouvidos. Ele me mostra uma xilogravura do The White Stripes... Já vi xilogravura de Raul Seixas, Jesus Cristo, Kurt Cobain e até mesmo do Eddie Vedder... Porém do The White Stripes? Quem iria comprar uma xilogravura do The White Stripes?
Quanto custa? Perguntei.
Estava disposto a pagar cinquenta reais naquela maravilha.
_Tiozão... Paga litrão de Skol já era.
(Detesto que me chama de tiozão).


O banheiro masculino do Bar do Lee é imundo. Baratas e o cheiro forte de urina sempre muda minha rota para banheiro feminino.
Porra!!! Duas meninas nuas atracadas no banheiro...

Talvez nessa delonga eu tenha apertado o repeat quatro ou cinco vezes nesse maravilhoso álbum “The Lions Roar”.

De volta para casa de ônibus eu me assento perto da janela, à escuridão da noite é semelhante à escuridão de dentro de mim, há luzes fracas que mal iluminam as ruas, há traficantes, prostituições, há violência e algumas estrelas...



quinta-feira, 18 de maio de 2017

Projeto Mall Star


Olha o Professor de filosofia com sua barba enorme, a noite passada ele quase morreu eletrocutado no chuveiro, suas ideias esquerdistas e um olhar profundo de uma esperança marxista. Antes meia dúzia de pessoas cultuava suas ideias porém, o movimento cresceu e, tem gente grande querendo sua cabeça. Espiões disfarçado em guardadores de carros, vendedores ambulantes, mendigos iletrados, viciados em craques, banguelas e um homem que filma o movimento atrás do poste.

Ele está sendo bem vigiado mas, é cercado por grandes intelectuais, é blindado por bandidos de alta periculosidade, por seguidores fiéis de suas doutrinas. Há pessoas infiltradas na política e na polícia ao seu favor que, em noites impares trazem informações valiosas antecipando os passos de uma possível emboscada. Ele é ligeiro e articulador, pichador profissional dos monumentos da cidade, o que ainda lhe causa uma adrenalina infanto juvenil. No entanto, quando fica só em sua grande casa de aluguel, faz poesia sobre lua, sobre a chuva e sobre o pôr do sol. Lágrimas irrompem dos seus olhos quando saudade da sua ex invadem seus pensamentos... Ali no quarto com a cama ainda com dois travesseiros, com bichos de pelúcias, seus ideais marxistas, esquerdistas e o caralho aquático não fazem diferença nenhuma... E se algum espião banguela pudesse lhe ver assim diria ao seus superiores:

“_É um frouxo sentimentalista.”

Ligou o aparelho de som e, escolheu ainda com o controle na mão um arquivo musical do Projeto promissor denominado MALL STAR.


Foi para cozinha, abriu a geladeira apossou de uma cerveja, o celular vibrou em seu bolso, verificou, era uma chamada de um policial ao seu favor. Enxugou as lágrimas, abaixou o volume do som, tentou recompor a voz:
_Alô?
_Tudo Limpo – Respondeu a voz do policial do outro lado da linha.

Aumentou novamente o volume do aparelho de som.

Voltou para o quarto pegou o travesseiro que minutos antes estava abraçado, jogou álcool e acendeu a chama do isqueiro, rapidamente o fogo se alastrou. “Tudo limpo” a voz do policial ficou ressoando em sua cabeça. Passou e repassou a mão em sua enorme barba. Logo mais, antes do sol nascer, queimaria pneus na avenida principal nos dois sentidos. .

Compareceu na avenida como havia combinado com seus discípulos, cumprimentados e abraçados por todos ali, em compensação sua cabeça estava em prêmio, se um daqueles discípulos fraquejasse como Judas fraquejou era o fim. Adentrou em seu carro popular e, só acelerou quando testemunhou as chamas altas dos pneus, lembrou-se das chamas do travesseiro algumas horas atrás, “o fogo era algo libertador”.

Professor de filosofia adorado pelos alunos e odiados pelos professores, mal sabia ele que até na escola era vigiado pela dona da cantina que, o seguia no seu Instagram, Facebook e Twitter, com seu olhar verde esmeralda, aliás, seu olhar que pouco destacava em seu rosto rechonchudo, uma enorme verruga sim, ganhava um grande destaque nascia e morria na ponta do seu nariz. Tratava o professor de filosofia sempre com uma falsa simpatia, ria mais do que devia. Suas perguntas coletoras de informações quase nunca funcionavam, apesar da insistência. Seu vocabulário era pobre e pouco atrativo, suas informações via whatsapp não impressionava até os seus superiores. No entanto, o professor de filosofia já havia sido informado por um aluno (discípulo) sobre as intenções dela e pra quem ela trabalhava. 
Quando caminhava pelas ruas da cidade estava sempre precavido, qualquer arrulhar de pombo fazia ele passar apressadamente a mão no coldre da pistola que ficava no cós da sua calça.
 Porém naquele dia, já no aconchego do seu lar ao anoitecer, o professor assistiu os noticiários dos telejornais que, comentavam sobre o fracasso das rodovias interrompidas com os pneus queimados, que o bombeiro e a polícia militar havia agido rapidamente controlado a situação, e, muitos dos manifestantes foram presos.

Apertou o Play no Projeto musical Mall Star, sentou-se na sua cadeira de balanço na grande varanda, viu milhares de estrelas e a grande lua cheia, sentiu o perfume das flores do jardim, testemunhou morcegos velozes sobrevoando em volta das luminárias, avistou o seu cachorro abanando o rabo sem aproximar talvez, percebendo sua seriedade... Assim sozinho a solidão conseguia alcança-lo, desprovidos de bandeiras, de planos mirabolantes, de frases de efeitos e do todo entusiasmo costumeiro. Ele olhava as margaridas do jardim com tamanha sentimentalidade que parecia outra pessoa e, mesmo assim o cachorro não aproximava, o cachorro tem percepção aguçada, ele sabe quando o seu dono não está bem.



Sim, sentia-se triste com o noticiário dizendo que a paralisação foram feitas por vagabundos e, tinha sido um fiasco. Ficou trancafiado o final de semana dentro de sua casa, e, só ficou sabendo da morte violenta da Dona da cantina na segunda de manhã. Procurou pelo o aluno informante e ficou sabendo que ele havia pedindo transferência na sexta feira a tarde.

Os dias de semanas sequentes voaram até chegar o sábado, quando o grupo reunia-se, no caminho o professor não tirava da cabeça o fiasco dos protestos, procurava respostas para conseguir reerguer a chama do grupo. No entanto, ainda que distante ele avistou um aglomerado de pessoas nunca visto antes em uma reunião, mesmo com toda mídia dando ênfase ao fracasso do protesto, o número de pessoas na reunião havia duplicado então começou a cantarolar War. Madilha que não percebeu que havia mais de um homem filmando seus movimentos atrás do poste.

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