quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Nirvana - In Utero



As melhores notícias as vezes são as piores. Ri enquanto sentia seus chutes em meu útero. Construirei nossa casa no meio dessa droga toda e, definharei na carência e pela falta de controle, eu sinto dor por dentro e por fora. Queria ser forte mas, desmancho em lagrimas com e outras vezes sem sentimentos. Dirijo palavras sem virgulas e acentos, acabo frases com reticências. Até onde eu posso me afundar com juízo pois, depois que ele for embora a insanidade me abraçará.


Queria apenas acreditar que o vento que antecede a tempestade é calmo no entanto, ele é impiedoso... Arrancou o telhado e derrubou árvores. Eu queria que você acreditasse que um dia eu pensei em ser feliz mas, existe vitorias e derrotas e, eu escolhi as derrotas para debruçar na ponte e ver as águas do Rio levar minhas vitorias. Sim, aquelas que deixei fugir sem ao menos lutar.




Eu só queria deixar um pouquinho deste meu riso que um dia foi encantador e hoje, é apenas camuflagem de uma criança que faleceu criança há muito tempo atrás. A verdade me consome feito lenha seca no fogo. Nasça e me deixa morrer numa hemorragia incessante. Não tente entender se um dia descobrir que prefere os dias chuvosos e que ouve vozes o tempo todo. Não busque em fotografias semelhanças, evite comparações, não procure explicações e jamais ouça In Utero do Nirvana.




quinta-feira, 20 de agosto de 2015

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Josephines - Josephines (2015).





Desligamento, rompimento e separação.
Era o fim...
Não houve palavras, nem lagrimas e nem brigas. A tristeza transparecia nos moveis, nos cômodos, na janela que dava para o jardim. No pássaro na gaiola, no cachorro que não latiu e na empregada que se trancou no quarto. Nos envolvidos apenas frieza dos olhos, gestos vagarosos e o peso dos pertences que arrastavam-se pelo piso de taco.
Que o passado acomode-se no centro do inferno para sempre, foi o que ele pensou ao deixar o peso dos seus pertences no porta-malas do seu carro. Olhou para trás, acenou para o cachorro que ainda sem latir abanou o rabo, avistou também no lado oposto o jardim de grama verde e margaridas. Ligou o carro com a única certeza, odiaria todas as margaridas de todos os jardins do mundo inteiro pelo resto de sua vida.
Parou o carro quando aproximou-se do portão, saiu apressado em direção a gaiola, resolveu levar o pássaro. Acelerou, ganhou a Avenida principal da cidade com a certeza que seria sua última vez naquela pequena cidade. Abriu o vidro e cuspiu dezenas de vezes, deixou rolar algumas lágrimas pelo rosto, amaldiçoou as lágrimas, o cachorro e a empregada.
Encontrou um bar no meio do nada, desceu do carro levando consigo o pássaro na gaiola. Pediu uma dose de conhaque e desabotoou a camisa, avistou a morte apressada entrar no banheiro, desacreditou piscando os olhos repetidas vezes. Pediu outra dose, tomou rapidamente e mirou seus olhos na porta do banheiro e, novamente ele testemunhou a morte sorrindo em sua direção, o pássaro ficou impaciente na gaiola, debatendo contra as grades até morrer.
Saiu apressado do bar não percebendo a grande lua cheia que centralizava a noite com milhares de estrelas coadjuvantes. Apertou o play no álbum que tinha baixado na noite anterior “Josephines – Josephines”, indicação de um amigo.
A primeira música “Burning angels” o fez acelerar ainda mais, as luzes tornaram-se um risco continuo para seus olhos esverdeados:

and I had a fever
and a hangover
but now I know

Why we fall
why we fall
why we fall apart.

A imagem do pássaro debatendo na gaiola ainda perturbava-o. Desatento esqueceu de parar no sinal vermelho, por um triz escapou de um acidente. Nem sorriu da sorte, nem proliferou um palavrão de sua boca. Alias, nem piscou com seus olhos esverdeados, observou pelo retrovisor do seu carro a morte com o seu cajado próximo ao semáforo.
Parou no acostamento e ligou o pisca alerta para ouvir a musica “Sava me”. Apertou o botão da porta e o vidro desceu deixando o vento entrar, só então percebeu a lua cheia rodeadas de estrelas. Acendeu o cigarro tragando apenas uma unica vez, avistou no topo do poste uma coruja enorme branca rara, seus olhos brilhavam em sua direção o que causou um arrepio involuntário, segundos depois ela voou assustada, foi só então que ele percebeu que a morte havia chegado e encostado no poste.

Hey, baby, turn around
let's burn this fucking house
sweet children, you look so young
I hope you have fun (in my bedroom)

Shine shine, in the dark
a pale body to blend with mine
Your legs will be my shroud
I never will be found...

Teve uma ideia incendiaria quando decidiu voltar para a casa, apagou o farol, chegou na terceira marcha e manteve a velocidade baixa, num foco determinado que oitenta quilômetros por hora desconcentraria-o. Queimaria a casa, a ex-mulher, a empregada e o cachorro. Diminuiu o volume do som e concentrou na letra da música “A way of healing” que dizia:

Everybody is trying be cool
Just like you / like you
They cut their hair and buy new clothes
but theyíre fools / like you

I don't want to look around
pretending smoothy / I'm not cool

I'm not lost but I wanna be found
To sing a new song / Of truth

And I'm drifting in the wind / oh yeah
While this song playing I won't die

A way of healing / healing
I have been searching for a long time (searching for a long time)
A way of healing / healing
I think I found it sometimes

Just like a way
My way
Away
A way
of healing


Ao retornar, ainda que distante percebeu a casa que abandonará algumas horas atrás em chamas, pisou fundo no acelerador, sem pisar no freio derrubou o portão, a empregada chorando e gritando aproximou-se:
_Ela morreu, ela morreu doutor.

Desorientado ele olhou para o jardim de gramas verdes, as margaridas ainda estavam lá, do lado oposto o cachorro que ainda abanava o rabo e não latia também estava lá, a lua cheia também estava. Voltou para o carro e se trancou, ouvindo a música “Mad of stars” que ele percebeu a imagem da morte nas chamas do fogo.


Sometimes we walk alone
Sometimes we fall apart
Sometimes we break the chains that bind us

It's time to let the wind blow
It's time to say goodbye
It's time to learn to live and let die

and we need to face our everlasting
Cause we are made of stars


Hey kids, have some fun
We are on the run
Let's put the house on fire this night

Nobody can stop us now
We are who we are
and no one will save us all

So we need to face our everlasting
Cause we are made of stars

We are all made of stars







Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...