Henry Miller
Biografia
Henry passou sua infância na Avenida Driggs em 
Williamsburg, 
Brooklyn, 
Nova Iorque. Mais tarde em sua juventude, era ativo no 
Partido Socialista (seu ídolo era o socialista negro 
Hubert Harrison). Tentou vários tipos de serviços e, por curto período, frequentava aulas no 
City College of New York. Tanto em 1928 quanto em 1929, passou diversos meses em 
Paris com sua segunda esposa, June Edith Smith (
June Miller). Se mudou sozinho para Paris no ano seguinte, onde morou até a eclosão da 
Segunda Guerra Mundial. Ele viveu em condições precárias, dependendo da benevolência de amigos, tais como 
Anaïs Nin, que tornou-se sua amante e financiou a primeira impressão do 
Trópico de Câncer em 1934.
O livro sofreu dificuldades de distribuição, sendo banido em alguns  países sob a acusação de pornografia. No outono de 1931, Miller  trabalhou na 
Chicago Tribune (edição parisiense) como 
revisor, graças a seu amigo 
Alfred Perlès  que trabalhou lá. Miller obteve a oportunidade de apresentar alguns dos  seus artigos sob o nome de Perlès, desde que somente a equipe editorial  era autorizada a publicar no jornal em 1934.Seus trabalhos relatos  detalhados de experiências sexuais e seus livros trouxeram muito a  discussão livre de assuntos de cunho sexual, na literatura norte  americana, partindo tanto de restrições legais e sociais.
Ele continuou a escrever romances que foram banidos nos 
Estados Unidos  sob acusação de obscenidade. A maior parte de sua obra gira em torno de  sua segunda esposa June Mansfield. Em especial a trilogia Crucificação  Encarnada. O casal se separou em 1934. Henry voltaria a se casar outras  vezes. Durante a 
Segunda Guerra Mundial  voltou para os Estados Unidos. Passou a ser um escritor prolífico e  obteve grande sucesso após a liberação de suas obras na década de 60. Um  memorial dedicado a sua obra é mantido em Big Sur, 
Califórnia, onde morou de 1944 a 1962. O governo Brasileiro proibiu a venda da tradução de 
Trópico de Câncer na década de 70, porém o livro permanecia sendo vendido no original em inglês. 
Otto Maria Carpeaux seria um responsável pela divulgação e reconhecimento literário das obras de Miller no país.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Miller
Trechos: 
Há bocetas que riem e bocetas que falam; há bocetas malucas e histéricas  com o formato de ocarinas e há bocetas abundantes e sismográficas que  registram o subir e baixar da seiva; há bocetas canibalistas que se  abrem como fauces de baleia e engolem vivo; há também bocetas  masoquistas que se fecham como a ostra, têm conchas duras e talvez uma  ou duas pérolas dentro; há bocetas ditirâmbicas que dançam à mera  aproximação do pênis e ficam inteiramente úmidas com o êxtase; há as  bocetas porco-espinho que abrem seus espinhos e sacodem bandeirinhas no  Natal; há bocetas telegráficas que praticam o código Morse e deixam a  mente cheia de pontos e traços; há as bocetas políticas que estão  saturadas de ideologia e que negam até mesmo a menopausa; há bocetas  vegetativas que não apresentam reação a menos que você as puxe pelas  raízes; há bocetas religiosas que cheiram como Adventistas do Sétimo Dia  e estão cheias de contas, minhocas, conchas, excrementos de carneiro e  de vez em quando migalhas de pão seco; há as bocetas mamíferas que são  forradas com pele de lontra e hibernam durante o longo inverno; há  bocetas navegantes equipadas como iates, que são para solitários e  epilépticos; há bocetas glaciais nas quais você pode deixar cair  estrelas cadentes sem provocar uma faísca; há bocetas mistas que não se  enquadram em categorias e descrições, com as quais você só encontra uma  vez na vida e que o deixam queimado e marcado; há bocetas feitas de pura  alegria que não têm nome nem antecedente e estas são as melhores de  todas, mas para onde voaram elas? E depois há a boceta das bocetas, que é  tudo e que chamaremos de superboceta, porque não é desta terra, mas  daquele brilhante país para onde fomos há muito tempo convidados a voar.
Trópico de Capricórnio
Olho para as pessoas que passam ao meu lado a fim de ver se por acaso  alguma delas poderia concordar comigo. Suponha-se que eu aborde uma  delas e faça-lhe apenas uma pergunta simples: "Porque voce continua  vivendo como vive?" A pessoa provavelmente chamaria um guarda. Pergunto a  mim mesmo. Será que alguém fala consigo da mesma maneira que eu falo ?  Pergunto a mim mesmo se haverá algo errado em mim. A única conclusão a  que posso chegar é que sou diferente. E essa é uma questão muito séria,  seja qual for o ângulo pelo qual seja encarada. Henry, digo comigo  mesmo, levantando-me vagarosamente do degrau da porta, espreguiçando-me,  limpando a calça com as mãos e cuspindo a goma de mascar. Henry, digo  comigo mesmo, voce ainda é moço, voce é ainda apenas um frangote e se  deixar que o agarrem pelos testículos é um idiota, porque voce é um  homem melhor que qualquer deles, só que precisa livrar-se de suas falsas  noções sobre a humanidade. Precisa compreender, Henry, meu velho, que  está lidando com assassinos, com canibais, só que eles estão vestidos,  barbeados, perfumados, mas é isso que todos eles são: assassinos e  canibais. O melhor que voce tem a fazer agora, Henry, é ir tomar um  chocolate gelado e quando estiver sentado diante do balcão de refrescos e  conservar os olhos bem abertos e esquecer-se do destino do homem,  porque voce poderá ainda arranjar uma boa foda e uma boa foda limpará  seus testículos e deixara um gosto bom em sua boca, ao passo que isto só  causa dispepsia, caspa, halitose e encefalite.
Trópico de Capricórnio
A bunda nos diz tudo sobre a mulher, seu caráter, seu temperamento, se é  sangüínea, mórbida, alegre ou volúvel, capaz ou não de corresponder, se  é maternal ou amante dos prazeres, se é leal ou mentirosa por  natureza”. (...)
Sexus