Grace
é uma vadia, ela é linda, mas é vadia. Não tem reflexo, não tem orgulho, não
tem casa e dorme em camas diferentes. Seus olhos verdes sem brilho já não
orvalha e, suas palavras já não dizem, suas mãos tremem, o isqueiro cai ao chão
numa tentativa frustrada de acender cigarro. Grace não me ama não se ama e o
seu animal de estimação tem pulgas e carrapatos.
Muitos
te desejam, e o seu desejo não tem nome. Corpo vago de espírito, carcaça maquiada
e com aroma, riso fútil, pele branca e pensamentos confusos de horários sem
relógio. Há fé necessária no Deus da volta, que não volta que, não multiplica
que, não transforma, no entanto perdoa seus pecados diários, que não são poucos os
ordinários e sem escrúpulos que te agride e machuca, porém não orvalha seus olhos
verdes e sem brilho.
Grace
me conhece, mas desconhece o meu lado escuro como se eu fosse a lua com lugares
inexplorados. Na cama ela se arreganha se contorce e geme. Eu sei que não é
desejo é apenas a sua defesa feito animal que pressente o perigo iminente. Presa fácil e
indefesa desde tenra idade e de poucas lembranças.
"Meu tio é um grande filha da puta"
Grace
passa noite inteira se movendo, levanta, acende a luz. Nua, fica pulando numa tentativa inglória de matar pernilongos. Grace é menina, uma menina vadia, escape
de empresários, premio de despedidas de solteiros, cardápio de velhos
desdentados, vitima de sadomasoquismo.
Na
segunda tentativa ela acende o cigarro, suspira fundo. Sêmen escorre em suas
pernas. Ela me olha e eu tenho certeza que não me vê. Levanta-se novamente numa
tentativa obcecada de matar pernilongo.
Levanto-me...
_Matei:
_ Grita ela toda eufórica e continua:_ Matei seu pernilongo filha da puta,
desgraçado, maldito.
O sêmen
incomoda agora e, com a fronha do travesseiro ela se limpa.
Visto
minha roupa, tiro uma nota da minha carteira e pego meu celular.
_Ei...
O que estava rolando em seu celular?
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