quarta-feira, 16 de agosto de 2017

The Antlers - Burst Apart (Recapitulando)



Domingo é o dia que ouço todos os álbuns que eu baixo durante a semana. E, este domingo a minha expectativa maior é sem duvida The Antlers – Burst Apart. Li coisas boas e interessantes sobre este lançamento. Vamos lá.

I don’t want love”. 
Juro que tinha apertado o play e já estava na direção do banheiro pra fazer a barba porém, 
 Peter Silberman:
 
You want to climb up to stairs”
“Você quer subir as escadas”
“I want to push you right down”
“Eu quero empurrar você para baixo”

The Antlers, realmente mudaram, musicas mais introspectivas, com sutilezas e belos arranjos vocais. Voltei pra sala sem a menos tocar na barba. Acho que este jeito desleixado está “up” outra vez, os integrantes do Band of Horses e Fleet Foxes abusam das barbas enormes.
O refrão me fez lembrar de Fernanda:

I don't want love
Eu não quero amor
“I don't want love
Eu não quero amor

Na semana passada Fernanda havia me questionado sobre Cristina  porém, eu já tinha perdido Cristina muito antes disso:  

http://relatoestrepito.blogspot.com.br/2017/06/wild-beasts-smother.html
  
O silêncio de Cristina me preocupava, a ausência do seu sorriso me deixava sem saber o que fazer, ela já não me ofendia, já não gritava comigo, já não dizia que ia embora pois, estava cansada com esse relacionamento. Juro por deus que preferia quando o seu choro ficava incontrolado, e suas mãos tremulas atiravam pratos e copos na minha direção. Eu me sentia melhor quando ela dizia como estava arrependida de ter casado comigo, que ela merecia algo melhor, que meus filhos mereceriam um pai melhor. Cristina me chamava de bêbado imprestável perto dos meus filhos, dizia que eu era um fumante de merda e que se envergonhava de mim, do meu modo de vestir e da minha barba.

No Window


Tem uma introdução bem manjada, o Garbage já havia feito isto repetidas vezes nos 90. No entanto o vocal do Peter sobressai mais uma vez, numa afinação que parece ser simples e, com arranjo inquestionável acaba cometendo a melhor ou umas das melhores canções do ano.

Cristina estava entregue aos pensamentos secretos, entregue a morbidez em sua pele pálida. Insípida, lânguida e cabisbaixa, sem reflexo algum. Neutra, sem sintomas de melhora ou piora. Cristina já não se importava com a fumaça do meu cigarro ou, se estava embriagado ou não.
Passei a me vestir do jeito que Cristina gostava, combinando cores e sapatos, passei a fazer barba com mais freqüência, parei de fumar no quarto. Tudo isso numa tentativa de tirar Cristina de sua dormência, assobiava alegremente alguma musica que sei que ela gostava, Cristina permanecia cabisbaixa e quase imóvel, as vezes os dedos da sua mão direita se mexiam talvez involuntariamente e desentronizados. Pior que tudo isso, é que Cristina chorava, não um choro compulsivo; o choro de Cristina não existiam lagrimas, não existiam soluços, não existia um motivo aparente. Cristina chorava por dentro, imagino eu, que suas as lagrimas faziam um caminho contrario, deslizavam pelos seus órgãos internos ou de alguma maneira findava-se em sua corrente sanguínea.

Corsicana”.

É outra bela canção. Aos fãs ardorosos de “Hospice” uma grande decepção, talvez a maior do ano mas, pra quem ta afim de ouvir um dos melhores álbum de 2011 tai a dica.

Cristina só se levantava para os afazeres domestico, ainda assim era uma outra Cristina. Uma Cristina robótica, com movimentos controlados, até mesmo quando provava o tempero da salada, não demonstrava se estava salgado ou faltando sal, talvez o chip de sua língua que detectava o paladar estivesse queimado.
 Cristina preparava a mesa com salada, arroz, feijão, contrafilé e suco artificial de laranja, e, quando todos estavam assentados Cristina começava a rezar sem sentimentos talvez, para um Deus robô.
Quando a noite caia me isolava no fundo do quintal, longe de Cristina e das crianças, abria uma garrafa de vinho e acendia um cigarro. Às vezes o meu silencio expressava tudo o que sentia, as vezes o meu silencio não expressava nada do que eu queria dizer. Eu conheço bem o meu silencio, Cristina conhecia bem o meu silencio. Sabia o que ele significava. Eu não conhecia o silencio de Cristina, eu não sabia o que o silencio de Cristina significava. Confesso que quando Cristina estava triste a casa toda ficava mais triste e, agora com sua ausência, as rachaduras nas paredes tornaram-se maiores, a luz da cozinha tornou-se lúgubre e no corredor transitavam um numero maior de baratas.

Putting the dog to sleep”.

É quase um blues ou é novo blues…

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