Eu
sei, vamos construir a nossa casa e fazer amizades com pessoas de cores
diferentes, com diálogos diferentes, de alturas variadas, de olhares curiosos, abduzidos
por vaga-lumes e que ouvem Boas Bestas.
Comunicaremos
através gestos e o medo será nossa defesa, fingiremos ser cobra para saborear
outras cobras nas refeições com batuque repetitivo de sapos martelos. Dois cafés
da manhã e frutas ácidas no final da tarde, mergulharemos na cachoeira de águas
gélidas enquanto assassinatos serão cometidos na área arborizada perto do
caquizeiro.
Tenho
álibi não fui e nem vim mas, estou consternado com tudo isso, galinhas angolas
não merecem isso, pescoço quebrado diz à polícia.
Há
suspeitos. Pessoas de cores diferentes, de diálogos diferentes, de alturas
variadas, de olhares curiosos, abduzidos por vaga-lumes e que ouvem Boas Bestas.
Tenho
olhos azuis e uma religião alternativa que acredita e venera pedras
preciosas que, vem junto com as correntezas das águas gélidas e desemboca na
cachoeira. Enfim, não sou suspeito. No entanto o policial perguntou:
_Conhece
Imoralidades Estrambólicas?
_Conheço...
Mas não cheiro e nem bebo.
O
policial desconfiado e sendo pressionado pelo assassinato da galinha angola
insiste:
_
Você parece desequilibrado e mal humorado.
_Pessoas
me irritam demais. Penso que não vai dar mais.
Tentei
desvencilhar do policial ziguezagueando entre o pessegueiro e pé de figo
cantarolando:
A insustentável
leveza do cê
Em outra vida eu te desvendei
Saiba que hoje eu me reencontrei
Por causa da leveza do cê...
Em outra vida eu te desvendei
Saiba que hoje eu me reencontrei
Por causa da leveza do cê...
Porem o policial metido a besta testemunhando meus olhos azuis e minha cor, perseguiu-me
até o pé de figo sabendo que eu não era culpado, com arma punho e um brado
decorado:
_Em
nome da lei pare ou eu atiro.
Parei
como um touro para diante de um mata-burro, com valentia desdobrada e sem inteligência
para atravessar aquelas madeiras nas horizontais. O policial com a arma punho e
um sorriso de desdém, com a voz favorecida com a situação me questiona:
_Judiação...
Esse mata-burro não te deixa prosseguir? Sei que não é o assassino no entanto,
conhece pessoas de cores diferentes, de diálogos diferentes, de alturas
variadas, de olhares curiosos, abduzidos por vaga-lumes e que ouve Boas Bestas.
Respondi:
_Acredito
que o silencio é o melhor curador... Sobre toda essa má idéia, estendo minhas
mãos.
Houve
um momento de silencio onde o policial é o dono da verdade, apertar o gatilho sem dizer nada
ou prolongar aquele momento, eu, com as mãos estendidas com único pensamento “Porque
devemos perdoar? ”
_Tenho
Transe Só e A Sutil Arte de Esculhambar Música Alheia.
Respirei
fundo, um salto alto estaria protegido atrás do pessegueiro, outro salto
estaria montado no Pampinho, cavalo branco e ligeiro, sem chance de
questionamento estaria livre no meio das montanhas, fingindo ainda ser cobra
para alimentar de cobras.
Mudando
de assunto repentinamente o policial perguntou:
_Quem
matou a galinha angola?
_Eu
não sei – Lembrei das curvas sinuosas do raio no meio da chuva e, do barulho que
o vento faz.
_Eu
juro no fundo do meu ser que você sabe de alguma coisa. Fale, gesticule, dance,
cante... Sei lá?
Então
comecei cantar e a dançar meio sem jeito:
_Essa força que me toma
é de um Deus
que nasceu
dentro da flor
Desabrochou em mim
e se fez assim
lânguida cor
Uma mistura branca
castanho
e laranja
cheirei
devaneei
nas curvas daquela fumaça azul
que me completou
me completou
completo!
Eu cogumelo
fui sapo
fui lobo
via Lua
vi Sol
eu fui eu fui
eu vi eu vi
eu fui no topo da colina de pedras
Magnéticas pedras.
é de um Deus
que nasceu
dentro da flor
Desabrochou em mim
e se fez assim
lânguida cor
Uma mistura branca
castanho
e laranja
cheirei
devaneei
nas curvas daquela fumaça azul
que me completou
me completou
completo!
Eu cogumelo
fui sapo
fui lobo
via Lua
vi Sol
eu fui eu fui
eu vi eu vi
eu fui no topo da colina de pedras
Magnéticas pedras.
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