quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pink Floyd - The Dark Side of the Moon


Fui dispensado do serviço hoje, uma alergia apossou do meu corpo. Segundo o médico de plantão: a pressão arterial normal, sem febre, sem diabete e sem resfriado. Apenas uma coceira gigante. Essas mudanças climáticas constantes têm judiado-me bastante. A má alimentação, a bebida e a insônia têm deixado meu corpo indefeso a qualquer vírus, até mesmo aqueles combatidos com uma simples dose de antibiótico tem causado estrago em meu corpo. Porém o pior de tudo é a solidão. É o abrir e o fechar do portão. Nenhuma dessas duas opções me deixa contente ou aliviado. Meu Deus que vontade que tenho de desaparecer, de sumir, de não existir.

Quando era um adolescente e me sentia assim, colocava logo no toca disco o vinil do Sex Pistols e saia quebrando tudo, agora “Tiozinho trintão nostálgico”,  acendo meu cigarro, procuro The Dark Side of the Moon do Pink Floyd, e, sento na poltrona que Cristina comprou pra mim no auge do nosso casamento e ali, entre uma baforada e outra eu revejo minha vida num slide imaginário.
Na introdução de Breathe já rola a primeira lagrima, nem tento interceptar, outras virão. Ligo pra casa de minha sogra onde os meus filhos moram agora. Sou surpreendido, quem atendeu ao telefone foi meu filho mais novo de apenas três anos.

_Quem é?
_Dudu é o Papai.
_Quem é?
_O Papai Dudu.
_Papai eu vi sapo hoje.
_Um sapo?
_Ele era desse tamanho.
Deixa o telefone cair, talvez pra mostrar com as duas mãos o tamanho do sapo.
_Dudu assim você quebra o telefone.
Era voz de minha sogra.
_Vovó é o meu papai, é meu papai.
Consigo ouvir Dudu gritando.
_Alô?
Desligo o telefone quando minha sogra diz “Alô?”. Gosto de minha sogra só não queria que ela percebesse que estava chorando.
Acendo outro cigarro e vejo na estante a foto de Cristina sorrindo. Sei lá o por quê? Mas essa foto me perturba demais. Levanto da poltrona quando começa Us and Them e, caminhando lentamente para cozinha, risco um palito de fósforo e ponho fogo numa das pontas do retrato quadrangular, rapidamente a fotografia vira um amontoado de cinzas no canto da pia de mármore:
Us and Them
It was only a difference of opinion, but really...I mean
Era somente uma divergência de opinião, mas.
Good manners
realmente
Don’t cost nothing do they, eh?"
Boas maneiras não custam nada custam, eh?”“.

Engulo o comprimido que o medico indicou com cerveja. Volta para a poltrona, a estante já não me incomoda mais como dez minutos atrás, agora o que me incomoda é o suor que transita pelo meu rosto, um suor frio e vagaroso.
Engraçado a sonoridade Brain Damage me fez lembrar do Radiohead, mas, deve ser também efeito do remédio com cerveja. E, devo acrescentar que o riso no meio da musica também, fez me rir desenfreadamente até transforma-se num choro compulsivo sem lagrimas.



Eclipse pra finalizar:    

  
Pink Floyd - Eclipse by Vitalii Buravlev

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